“Há uma dispersão em termos de regras e de linhas de intervenção técnicas que têm de ser implementadas no nosso sistema de saúde. A DGS está a fazer o seu trabalho, mas sabemos que o Ministério da Saúde, através da secretária de Estado, também tem algumas competências que podem colidir com a DGS. E depois temos a Direção Executiva do SNS. Há aqui uma grande confusão, há uma grande dispersão e por vezes algumas dúvidas de como as coisas são coordenadas”, disse Carlos Cortes.

Em declarações à agência Lusa, o bastonário da OM disse compreender que existem “decisões que têm de ser políticas do Ministério da Saúde e da Direção Executiva do SNS”, mas sublinhou: “Há também decisões que são técnicas e do âmbito da DGS e da Ordem dos Médicos”.

Carlos Cortes considerou que “tem havido muita confusão, pouca clareza e pouca transparência” e, quando questionado se estava a referir-se a algum tema especifico, nomeadamente as orientações sobre partos ou maternidades, o bastonário disse sentir esta “confusão na generalidade”.

“Eu próprio tenho expressado esta crítica da falta de transparência e de diálogo da Direção Executiva. Eu tenho pedido publicamente para a Direção Executiva ser mais dialogante e ter a humildade de ir ao terreno e falar com os profissionais de saúde e com as organizações que têm competências na área da saúde, nomeadamente com a Ordem dos Médicos”, disse o bastonário, sublinhando que a organização que dirige “está inteiramente disponível”.

Carlos Cortes criticou a estrutura liderada por Fernando Araújo, lamentando que a OM esteja a ter conhecimento das “novidades através da comunicação social” e deu um exemplo.

“Ontem [terça-feira] vi uma notícia sobre a intenção da Direção Executiva, aliás uma boa proposta, de criar centros onde as pessoas possam ir pedir atestados médicos para descongestionar os centros de saúde e os hospitais", disse.

Recordando que a mesma ideia chegou a ser desenvolvida pelo ex-ministro Adalberto Campos Fernandes, que na altura chamou a Ordem dos Médicos para participar na discussão, Carlos Cortes manifestou “algum sentimento negativo” por a Direção Executiva do SNS estar “a recuperar a mesma ideia excluindo os parceiros tradicionais do Ministério da Saúde, nomeadamente a Ordem dos Médicos”.

“A ordem podia dar contributos sobre as dificuldades em passar esses atestados, nas perspetivas de melhoria para a organização destes centros. Ouvimos falar muito de propostas, mas em termos de execução ainda temos muito pouco, a não ser uma organização que não compreendemos ainda das urgências, da rotatividade das urgências”, concluiu.