HealthNews (HN) – Quais são os principais riscos associados à disseminação do serotipo 3 do vírus da Língua Azul para a saúde pública?

Pedro Fabrica (PF) – O Vírus da Língua Azul afeta unicamente ruminantes domésticos e selvagens, com particular impacto ovinos. Não sendo contagioso para Humanos.

HN – Como a transmissão do vírus afeta a saúde animal e, indiretamente, a saúde humana?

PF – O vírus afeta essencialmente ovinos com uma variabilidade de impacto segundo a raça de ovinos e serotipo (variante) do vírus (existem 24 serotipos). Em Portugal, 12% dos ovinos infetados pelo vírus da Língua Azul morrem. Os ovinos infetados têm sintomas de hipertermia, salivação, gânglios aumentados, erosão das mucosas, secreções nasais, complicações respiratórias, pneumonia, abortos no caso das ovelhas gestantes.

HN – Existem casos documentados de transmissão do vírus da Língua Azul de animais para humanos? Se sim, quais foram as circunstâncias?

PF – Não existem.

HN – Que medidas estão a ser implementadas para controlar a propagação do vírus no território nacional?

PF – A vacinação é a principal medida de prevenção, sendo que deve ser secundada por desinsetização das explorações pecuárias, transporte animal e os próprios animais. Recolhimento dos animais entre o entardecer e o amanhecer.

HN – Que recomendações a Ordem dos Médicos Veterinários recomenda aos produtores e à população em geral para prevenir a propagação do vírus?

PF – Vacinar todo o efetivo, para minimizar o impacto da doença nos seus rebanhos, assim como a sua propagação. Aliando às medidas acima referidas de desinsetização.

HN – A Língua Azul pode influenciar a produção de alimentos e a segurança alimentar, e quais são as possíveis repercussões para a saúde humana?

PF – A língua azul origina perdas nos rebanhos, levando a um decréscimo de carne, leite, afetando o fornecimento da cadeia alimentar.

HN – Quais são os planos futuros para lidar com a possibilidade de outros serotipos de vírus da Língua Azul que possam surgir?

PF – Desenvolvimento e atualização dos serotipos das vacinas disponíveis será a chave de sucesso para evitar futuros surtos.

Entrevista de Antónia Lisboa