Filipe Nunes, investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, considera à Rádio Renascença que "parece haver um número de moscas bastante mais alargado do que seria habitual nesta altura".

"As que nos estão a causar mais chatices são as moscas domésticas, que vivem muito em zonas urbanas e são relativamente chatas. Por exemplo, a mosca doméstica está a uma temperatura ótima a rondar os 25 graus, e, portanto, entre os 20 e os 30 graus estão às mil maravilhas e nós temos estado com temperaturas dentro destes valores", explicou ao referido meio.

Já José Alberto Quartau, entomologista e também investigador associado do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (CE3C) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, confirma que "estamos com um outono bastante favorável" devido às temperaturas elevadas, o que favorece a reprodução deste inseto.

"O calor está associado ao desenvolvimento de muitos insetos, moscas incluídas", referiu o responsável à revista Visão, que não descartou outras causas como a acumulação de lixo em determinadas zonas das cidades.

"Para o desenvolvimento das moscas facilita a disponibilidade de alimentos, e são moscas que se podem alimentar em zonas urbanas: alimentos nas nossas cozinhas ou de lixo acumulado nas ruas, e também muitas vezes onde existe criação animal", acrescenta Filipe Nunes.

As moscas têm um papel essencial no ecossistema, porque ajudam no processo de decomposição de matéria orgânica e têm impacto na cadeia alimentar, uma vez que há pássaros e répteis, por exemplo, que se alimentam destes insetos.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), os mosquitos, moscas, pulgas e percevejos podem provocar reações, geralmente locais, resultantes da mordedura e não da picada. Na maioria dos casos os insetos picam quando se sentem em perigo, tornam-se mais agressivos durante o verão e quando há cheiros intensos ou perfumados.

Alguns conselhos para todo o tipo de insetos

  • Nunca andar descalço especialmente em relvados.
  • Evitar o uso de roupa larga com cores brilhantes ou padrões florais.
  • Evitar perfumes ou cosméticos com cheiros activos em meio rural ou no campo.
  • Evitar locais onde existem estes insectos: jardins com flores, árvo­res de fruto, troncos caídos (onde as vespas costumam construir os ninhos).
  • Evitar beber e comer ao ar livre. Evitar caixotes e contentores de lixo.
  • Usar capacete e luvas para andar de bicicleta ou motociclo. Inspeccio­nar o carro antes de entrar e manter as janelas fechadas.
  • Evitar movimentos bruscos quando abelhas ou vespas se aproximam (não enxotar). Se for atacado, proteger a cara com os braços ou com uma peça de vestuário.
  • Ter cuidado ao praticar desportos ao ar livre, porque o suor atrai estes insectos.
  • Ter cuidado ao fazer jardinagem: manter os braços, cabeça e corpo o mais cobertos possível.
  • Andar sempre com o dispositivo de adrenalina, nunca o deixar no carro ou em casa.

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