Em declarações à Lusa, Paulo Morgado referiu que até agora apenas três das candidaturas ao programa de mobilidade temporária para assistência médica na região preencheram os requisitos, mas disse esperar que surjam mais candidatos até 30 de setembro, data até à qual vigora o programa.

De acordo com aquele responsável, apesar de a lista de necessidades elaborada pelo Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) identificar a necessidade de 66 médicos para a região, no verão, isso não significa que os hospitais não consigam assegurar as escalas.

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"O objetivo era reduzir significativamente o número de horas extraordinárias e o recurso a prestadores de serviços externos. Com a adesão que temos, não conseguimos reduzir aquilo que queríamos", esclareceu Paulo Morgado, sublinhando que o despacho para captar médicos no verão "é mais um mecanismo" para reforçar a assistência.

O concurso para a contratação de médicos durante o período de verão, num modelo excecional de mobilidade temporária, abriu em junho e vigora até setembro, contemplando alojamento, ajudas de custo e dispensando o acordo do serviço de origem.

Segundo Paulo Morgado, foram recebidas várias candidaturas, mas nem sempre se adequavam às necessidades dos hospitais, ou eram de médicos com vínculo ao Serviço Nacional de saúde (SNS), tendo sido validadas três: uma de Pediatria, uma de Oncologia e uma de Medicina Geral e Familiar.

O especialista em Pediatria iniciou funções a 01 de agosto no Hospital de Portimão, onde irá manter-se até ao final do mês, estando a usufruir da possibilidade de alojamento gratuito, opção incluída no despacho do Ministério da Saúde, pela primeira vez, este ano.

Apesar de considerar tratar-se de uma iniciativa válida, o secretário regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), João Dias, disse à Lusa que o problema da falta de médicos no Algarve é "estrutural" e que "não se resolve com remendos ou pensos rápidos".

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"A iniciativa pode ter alguma validade, mas na prática não resolve o problema da carência de médicos", refere, argumentando que "está mais do que demonstrado que estes incentivos não servem a região" e que a questão da falta de profissionais tem que ser encarada "para o ano todo".

Para João Dias, a falta de investimentos e de organização do SNS no Algarve leva a que a maioria dos médicos "optem por sítios onde têm melhores condições", para além do aliciamento dos hospitais privados, que conseguem oferecer melhores salários.

"Parece que temos dois países: do Tejo para cima e do Tejo para baixo. Não há investimentos, nem organização de forma a proporcionar condições de atração", conclui.