Esta patologia do foro mental causa prejuízos significativos no dia-a-dia destas pessoas devido aos conflitos intensos e frequentes que provocam e às dificuldades de adaptação a qualquer situação ou contexto das suas vidas.

A característica principal da Perturbação da Oposição manifesta-se por um padrão recorrente de comportamentos negativistas, desobedientes, desafiantes e hostis relativamente às figuras de autoridade, designadamente, pais, educadores ou professores, ou perante colegas e companheiros.

Os comportamentos negativos e de oposição são expressados por teimosia persistente, resistência às ordens, recusa de compromissos ou responsabilidades, e por manifesta dificuldade em fazer cedências ou negociar com outros.

São muito comuns os comportamentos de oposição que tendem a transgredir quaisquer limites estabelecidos, ignorando ordens ou instruções, causando discussões e não aceitando qualquer atribuição de responsabilidade pelas próprias atitudes desadequadas, erros ou mau comportamento. A hostilidade dirigida intencionalmente para os outros, regra geral, com agressividade verbal, provoca situações de incómodo, desagrado e irritabilidade.

Os sintomas da Perturbação da Oposição ocorrem com mais frequência nas interações com adultos, colegas ou companheiros que melhor conhecem, sendo que em casa as manifestações desta perturbação estão invariavelmente presentes e são mais intensas. Consequentemente, pode gerar-se um círculo vicioso com pais e filhos a viver conflitos sucessivos e desgastantes. Fora do seio familiar, apesar de menos frequente, há pessoas com esta perturbação que, com subtilezas, aligeiram ou escondem a sintomatologia que lhe está associada, encobrindo assim a sua personalidade.

Tal com sucede em todas as patologias do foro mental, a Perturbação da Oposição também acarreta sofrimento para os próprios. Facilmente se irritam, ficam frustrados, sentem-se deveras incomodados pelos outros e pensam insistentemente em formas de vingança. Por conseguinte, dadas as dificuldades de lidar com a frustração, controlar os impulsos e regular as emoções, vivem entre humores instáveis e negativos e relações familiares e sociais marcadas por atritos constantes, que interferem com o seu bem-estar.

Normalmente, as pessoas com esta perturbação não a reconhecem e não se consideram a si mesmas como negativistas, opositoras ou desafiantes. Muito pelo contrário, justificam sempre os seus comportamentos como respostas adequadas a circunstâncias ou exigências pouco razoáveis ou sensatas.

As Perturbações da Aprendizagem (de leitura, cálculo e escrita) tendem a estar associadas a esta perturbação. Também a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é frequente nas crianças e adolescentes com Perturbação da Oposição. Quer isto dizer que interferem com o rendimento escolar.

Importa, no entanto, diferenciar de problemas de comportamentos e de oposição transitórios típicos nas crianças em idade pré-escolar e em adolescentes. Nestes casos, são parte desses períodos de desenvolvimento normativo, nos quais desafiam regras e são teimosos em determinadas situações, melhorando progressivamente com o crescimento. Contrariamente, os sintomas da Perturbação da Oposição têm tendência a aumentar com a idade. A prevalência é maior nos rapazes do que nas raparigas antes da puberdade, mas igual após este período.

Sendo a Perturbação da Oposição causadora de défice clinicamente significativo no funcionamento familiar, social, escolar ou laboral, as consultas psicológicas revelam-se eficazes e com bons resultados para quem sofre desta perturbação e quem está ao seu redor.

Um artigo da psicóloga clínica Lina Raimundo, da MIND - Psicologia Clínica e Forense.