Não há nada como partilhar comida com os nossos entes queridos! Algumas das nossas melhores memórias são criadas ao redor da mesa nestes dias. E, como costumamos dizer na Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), na Europa a comida faz parte da nossa identidade.

Por exemplo, se morares em algumas áreas da Escandinávia, é possível que já estejas a sonhar com o teu próximo Julbord, um buffet de Natal cheio de iguarias. Que prazer dá passar e reabastacer, de prato na mão, quantas vezes quiseres! Mas atenção: idealmente, pratos quentes, como salsichas, devem ser mantidos quentes, enquanto iguarias frias, como o salmão fumado ou a enguia, devem ser mantidos em pratos frios. E por que não manter alguns pratos extra no frigorifico para ir reabastecendo a mesa? De qualquer forma, os buffets não devem ser deixados na mesa por muito tempo à temperatura ambiente, pois os teus familiares não são os únicos com fome na sala: não te esqueças das bactérias!

As bactérias

Estas convidadas indesejadas invisíveis estão por toda a parte nas nossas casas. Portanto, para evitar qualquer doença zoonótica de origem alimentar como presente de Natal indesejado, uma boa higiene na cozinha é fundamental! O uso impróprio de utensílios ou superfícies de cozinha pode contribuir para a propagação de bactérias. O manuseio seguro de carne crua e outros ingredientes crus, uma cozedura completa e uma boa higiene na cozinha podem prevenir ou reduzir o risco representado por esses microrganismos. Ou talvez não sejas um chef e estás a planear comer sushi no jantar do dia 24 de dezembro?

Quem disse que o Natal não é o momento certo para viajar para o Oriente, nem que seja através das tuas opções culinárias, se o COVID-19/ o teu orçamento/ a falta de férias/ e pais te afastam de viagens transcontinentais? Sim, é verdade: comer alimentos crus - não apenas peixes, mas também deliciosos tártaros, ou um fillet american se estiveres na Bélgica - pode levar à intoxicação alimentar se não forem manuseados de forma adequada. Enquanto cozinhas, não te esqueças de manter sempre a carne crua, peixe e vegetais separados para evitar o risco de contaminação entre eles. Além disso, um bom congelador pode ser um grande aliado para inativar qualquer micróbio presente nos alimentos. No entanto, os alimentos devem ser tratados com cuidado e deves ter em atenção as variações de temperatura.

Também o peixe é muito apreciado neste período por muitos europeus, como os portugueses - bendito bacalhau -, os espanhóis ou os checos. Alguns resíduos podem ser encontrados, especialmente nas espécies maiores, como mercúrio ou microplásticos. O mesmo acontece com frutos do mar, e o Pai Natal sabe que em muitas áreas da França, o Natal não seria Natal sem as suas ostras. E o que faria um galego sem os seus percebes? Não, não se trata de desistir dos teus "favoritos": os benefícios nutricionais de comer peixe não devem ser esquecidos. Apenas não comas o mesmo tipo de peixe todos os dias. A ciência mostra que o melhor caminho é seguir uma dieta variada: podes reduzir as tuas hipóteses de te expor de forma recorrente a contaminantes específicos e ficas definitivamente a ganhar do ponto de vista nutricional.

Cuidado com as substâncias químicas

Como a EFSA leva a sério a segurança dos europeus, geralmente recomendamos doses máximas de certos produtos e substâncias - e somos muito conservadores nisso. Pensa na stevia que colocas no teu café, talvez porque te sentes muito culpado por causa de todos os coscorões e filhós que andas a comer nesta época. O poder adoçante da stevia é 200-300 vezes maior que o da sacarose. A EFSA está atualmente a reavaliar dados sobre todos os adoçantes colocados no mercado antes de janeiro de 2009, incluindo o acessulfame K (E 950), a sacarina (E 954) e a sucralose (E 955), para citar apenas alguns. Para isso, a EFSA, tal como outros organismos semelhantes, realiza avaliações de risco rigorosas de todas as substâncias químicas propostas para uso em alimentos para determinar quais podem ser usadas e em que medida, para que não tenham efeitos adversos para a saúde.

Um outro grande desafio, mas também é disso que vive o Natal: às vezes recebes presentes e perguntas complicadas sobre a tua vida privada daquele tio que raramente vês. Outras vezes, és a pessoa encarregada de encontrar as iguarias certas para agradar aos familiares mais exigentes e podes sentir que estás a competir num triatlo - apenas com uma roupa mais quente. Estás a pensar em beber uma bebida energética para manter a atitude "don’t stop me now"? Ou és um daqueles veículos com forma humana movidos a café? Pois bem! Tem em conta que a EFSA estabeleceu um nível de segurança de 3 mg por quilograma de peso corporal por dia para o consumo habitual de cafeína. Isto não se refere apenas ao expresso que os italianos adoram (cerca de 80mg de cafeína por chávena pequena) mas também à chávena de chá preto que os britânicos costumam beber (50mg), assim como à barra de chocolate (25mg ou 10mg se for feita de chocolate de leite) que podes comer enquanto assistes pela milésima vez ao “Sozinho em Casa”.

E se viajares para o sul da Europa, quão difícil seria para um grego dizer não a um doce melomakarono, ou a um kourabie crocante com açúcar refinado, ou para um croata dizer não a um "kiflice de vanilina" que até o teu tio mais guloso não consegue resistir? No entanto, cuidado! Mesmo que estes doces durem alguns dias, precisas mantê-los num local seco ou num recipiente para alimentos, para que a propagação de bactérias não se torne uma ameaça indesejada para o teu estômago.