O castanheiro é uma árvore oriunda da Ásia Menor, que tem sido cultivada desde tempos imemoriais. Foi trazido para a Europa pelos Gregos e pelos Romanos e, posteriormente levado para o Novo Mundo. Na Idade Média, os castanheiros eram conhecidos como a árvore do pão, pois o seu fruto, a castanha, era um alimento rico e um importante meio de subsistência.

Antes da chegada à Europa da batata e do milho, a castanha (e/ou a sua farinha) desempenhava um papel importante na alimentação: quando escasseavam os cereais este fruto era o alimento base dos mais desfavorecidos. No nosso país existem referências históricas ao facto da castanha ter servido como forma de pagamento de rendas no século XIII.

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Os castanheiros são árvores que levam muito tempo a crescer: só aos 25 ou 30 anos é que começam a dar fruto e atingem a sua maturidade a partir dos 100 ou 150 anos. Existem mesmo casos de castanheiros com milhares de anos. Trata-se de uma árvore imponente, com cerca de 25 a 45 metros de altura e uma copa que pode atingir os 30 a 40 metros de diâmetro. A casca da árvore e, em menor proporção, as folhas, são ricas em tanino, além de conterem açúcares, pectina, óleo essencial e outros princípios ativos.

As várias propriedades medicinais

Destacam-se como suas propriedades ser adstringente e antitússica, pelo que pode ser benéfica respetivamente, em casos de diarreia e de inflamação da boca, garganta e tosse.

A castanha (Castanea sativa Miller) é um fruto rico em sais minerais e vitaminas do complexo B, mas há também quem a identifique com os tubérculos, nomeadamente com a batata, pelo seu teor de amido.

O seu valor energético é de cerca de 200 calorias por 100g (duas vezes mais elevado que as batatas ou as bananas).

A castanha é constituída por 40% de glúcidos, 4% de proteínas e 2,6% de lípidos. Os seus glúcidos (na sua maioria amido) têm a vantagem de serem de absorção lenta (o que evita uma subida repentina de glucose no sangue).

Devido à sua consistência amilácea e à riqueza de fibras, uma pequena porção de castanhas satisfaz eficazmente o apetite. Contém um teor assinalável de sais minerais, o que torna este fruto particularmente interessante para os desportistas: é abundante em potássio (530mg/100g) e em ferro, minerais essenciais no exercício físico intenso. Contém ainda magnésio: 100g de castanhas asseguram 10 a 15% das necessidades diárias deste nutriente, especialmente em situações de fadiga e stresse.

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Rica em vitaminas

No que se refere às vitaminas, a castanha é rica em vitaminas do complexo B (B1 e B2) e vitamina C. Do ponto de vista nutricional, a castanha pode ser utilizada por aqueles que sofrem de dislipidémias, não sendo contra-indicada no caso de doenças cardivasculares.

Alguns autores consideram-na um alimento benéfico para pessoas que sofram de problemas do fígado e dos rins, sendo por vezes recomendada para a gota. Devido ao seu elevado valor nutritivo é um alimento útil em casos de convalescença. Chamo a atenção de, contudo ser contra-indicada aos diabéticos, se consumida em exagero. Muitas pessoas notam ainda que quando consomem a castanha crua ou assada lhes provoca flatulência. Esta condição pode ser reduzida se cozer a castanha juntamente com erva-doce, por exemplo.

Quanto à sua confeção pode ser comida crua, cozida, assada, em doces, em sopas, em purés ou como acompanhamento de alguns pratos. Existe ainda a possibilidade de ser seca ao fumo (castanha pilada), podendo ser consumida mais tarde.

Assim, quando ouvir o pregão "Quentes e boas", lembre-se do seu valor nutricional e aprecie este fruto outonal.

Os conselhos são do médico Pedro Lobo do Vale, especialista em Medicina Geral e Familiar e Presidente da Associação Portuguesa de Alimentação Racional e Suplementos Alimentares.