Afeta mais frequentemente mulheres que homens. Um estudo da Associação Portuguesa de Urologia mostrou que em Portugal 21,4% das mulheres e 7,6% dos homens com mais de 40 anos sofrem de incontinência urinária. Embora seja mais frequente com o aumentar da idade não deve ser considerada como fazendo parte do envelhecimento normal.

Existem vários tipos de incontinência, mas simplificando podemos separar em 2 tipos:

1. Incontinência urinária de esforço, em que as perdas se dão com o aumento da pressão abdominal, por exemplo ao tossir, espirrar, correr, levantar pesos ou em casos mais extremos para esforços mais ligeiros como ao levantar-se de uma cadeira.

2. Incontinência urinária de urgência, em que as perdas estão habitualmente associadas a um desejo urgente de urinar que não é possível reprimir, que é muito comum ao colocar a chave na fechadura da porta ao chegar a casa, quando se ouve agua a cair ou ao lavar as mão. Este tipo de incontinência está associado ao conceito de bexiga hiperativa, que se refere ao conjunto de sintomas constituído por urgência miccional, aumento da frequência urinária e frequentemente incontinência de urgência. Habitualmente estes sintomas são causados por contrações involuntárias da bexiga que aumentam a pressão intravesical e originam um desejo miccional súbito. Este tipo de incontinência associado à bexiga hiperativa é o que tem mais impacto na qualidade de vida das pessoas.

Frequentemente co-existem estes 2 tipos de incontinência e dizemos que a incontinência urinária mista.

A incontinência é causa de problemas emocionais, por motivar isolamento, insegurança e vergonha, estando frequentemente associada a depressão. A vergonha e a ideia que a incontinência é normal e faz parte do envelhecimento, faz com que muitas pessoas não procurem tratamento. Cerca de 20 a 30 por cento das mulheres podem vir a ser afetadas pelo problema de bexiga hiperativa em alguma fase da sua vida e este problema tende a afetar mais mulheres do que homens e é mais frequente depois dos 40 anos.

No entanto, existem, hoje, estratégias para prevenir o agravamento desta doença e tratar a grande maioria dos casos. Estas estratégias compreendem medidas comportamentais, reabilitação, tratamento farmacológico e cirúrgico. Estas soluções terapêuticas para a bexiga hiperativa têm vindo a aumentar nos últimos anos, permitindo melhorar, cada vez mais, a qualidade de vida das pessoas que sofrem de incontinência urinária e bexiga hiperativa.

Por Miguel Ramos, Médico Urologista do Centro Hospitalar do Porto e Membro da Direcção da Associação Portuguesa de Urologia

Miguel Ramos
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