Às vezes, acreditamos que as entrevistas de emprego correram bem e que as respostas serão certamente positivas, mas nem sempre isso acontece, e as recusas surgem quando menos se está à espera. Uma entrevista mal sucedida pode provocar frustração, e dedicar algum tempo (10 minutos ou uma hora) para refletir sobre a experiência, é um passo para a ultrapassar, mas também é prudente não analisar demasiado. Lembre-se que esta é apenas uma oportunidade e que haverá muitas mais.

Pode ser difícil identificar as possíveis falhas da candidatura, mas o exercício seguinte deve ser o de transformar essas falhas em lições e conseguir recuperar para ter sucesso na entrevista seguinte. O controlo de danos mais valioso que se pode fazer é aprender com os erros e preparar-se melhor para a próxima entrevista.

A recusa nunca é uma experiência agradável, mas a chave é transformar algo negativo em positivo, e perceber como lidar com a rejeição a uma oferta de emprego para permanecer em jogo. Após a frustração inicial, é importante deixar a negatividade passar e continuar à procura de uma nova oportunidade. Lembre-se também de que chegar até à fase da entrevista já é um aspeto importante, pois muitos outros candidatos não conseguem progredir até tão longe.

Um dos passos é ultrapassar a etapa do CV. Quando se recebe a resposta “lamentamos anunciar que a sua candidatura não foi aceite para o cargo”, é importante perceber quais os motivos da rejeição da candidatura. Isto significa que se deve ir mais além da deceção e colocar a si mesmo as perguntas certas: o meu curriculum reflete uma imagem verdadeira das minhas competências e do meu perfil? O email motivacional que acompanhou o envio do CV refletiu claramente as ambições ao cargo? Se o percurso é atípico e inconstante, a candidatura foi elaborada de forma a poder tranquilizar o recrutador?

Ao procurar um emprego, pode parecer sensato multiplicar o número de candidaturas e concorrer a um grande número de ofertas. No entanto, priorizar a qualidade e o objetivo das candidaturas pode revelar-se mais eficaz. É importante escrever uma candidatura específica para cada uma das funções a que se está a concorrer: adaptar o CV à oferta pode parecer óbvio, mas muitas candidaturas são feitas de forma idêntica para concorrer a diferentes cargos. Portanto, personalizar o CV e destacar experiências anteriores, tarefas realizadas ou funções desempenhadas que estejam alinhadas com os pressupostos da oferta, podem contribuir para a diferenciação.

Por vezes, acontece que após um processo de várias entrevistas não há resposta do recrutador. Neste caso, contactar a pessoa que conheceu no processo de recrutamento e pedir que explique os motivos da ausência de resposta ou de recusa, vai permitir avançar mais neste processo. O recrutador pode referir fatores como a falta de preparação, demonstração de pouco conhecimento da empresa na entrevista, ou simplesmente a disputa com outros concorrentes à função, com competências e características idênticas, em que um detalhe pode fazer a diferença: domínio de idioma específico, experiência num determinado setor, etc.

É importante pensar ainda se a entrevista foi devidamente preparada, e se o conteúdo do CV estava completo e com informação relevante: apoiar cada experiência de trabalho, a execução de projetos, mostrando resultados quantitativos obtidos através do desempenho pessoal, podem valorizar o currículo.

Por fim, pode ser uma boa ideia pedir uma opinião ou revisão do currículo a membros da rede profissional a que pertence ou contactos pessoais, que conheçam o setor ou a organização a que está a concorrer e que poderão ajudar a identificar possíveis melhorias.

Lidar com a rejeição nunca é fácil, mas oferece oportunidades para desenvolver o autoconhecimento e aperfeiçoar as técnicas de procura de emprego.  E, manter uma atitude mental positiva é uma parte importante de lidar com a rejeição.

Por último, lembre-se também que não está sozinho. A realidade é que o número de pessoas que são rejeitadas geralmente supera as que recebem uma oferta. Por isso, não considere a questão como estritamente pessoal e concentre esforços e energias para abraçar a próxima oportunidade.

Um artigo de Maria Dias, especialista em Recursos Humanos na Michael Page.