Mais de 220 grupos de mães e pais de 27 países assinaram o apelo conjunto dirigido aos delegados da COP25, que decorre em Madrid, para que se proteja a saúde, a vida e o futuro das crianças, “antes que seja tarde demais”.

“Se a crise climática não for revertida, os seus efeitos mais graves atingirão as suas crianças numa altura em que já não terá possibilidade de as ajudar. AGORA pode”, refere um comunicado conjunto das organizações.

A declaração pede aos delegados que estão a negociar na COP25, muitos dos quais são mães e pais, para se lembrarem do seu duplo papel, como cuidadores e negociadores, quando estiverem a trabalhar e a decidir sobre a questão da emergência climática, “que afetará todas as crianças de hoje e das gerações futuras”.

“As catástrofes relacionadas com o clima tornaram-se a nova normalidade e a saúde, a vida e o futuro das crianças estão em causa devido ao caos climático. Não podemos aceitar que seja este o mundo que estamos a entregar aos nossos filhos", afirma Jesus Garcia, representante do grupo climático Madres Por El Clima, de Espanha, citado no comunicado.

O apelo sublinha o facto de os atuais compromissos políticos colocarem o planeta “no caminho de um aumento catastrófico da temperatura global de 3º a 4ºC”.

“Cada tonelada de carbono emitida irá agravar os impactos climáticos. Milhões de crianças, especialmente em áreas do mundo onde os meios de subsistência já são afetados pela pobreza, escassez de água e seca, serão as mais atingidas”, lembram as organizações.

“É uma injustiça moral e, como mães e pais, não vamos ficar de braços cruzados a ver o futuro das nossas crianças ser roubado”, diz Cherise Udell, do grupo Utah Moms for Clean Air, nos EUA.

Os grupos signatários fazem notar que a cimeira do clima da ONU é “uma oportunidade crucial” para defender as crianças e agir com ousadia “no sentido de promulgar uma ação climática ambiciosa, que permita manter a subida de temperatura global abaixo de 1,5°C”.

“Todas as pessoas presentes nas negociações têm a responsabilidade de agir para garantir a salvaguarda dos direitos dos nossos filhos (…). Precisamos de uma liderança corajosa em vez de ficarmos à espera que os países liderem individualmente”, sublinha Isabella Prata, do Parents For Future Brazil /Famílias pelo Clima.

Até agora, o apelo foi traduzido em 19 línguas e, no site plea.parentsforfuture.org, pode ser consultada a lista atualizada dos signatários. A declaração continua aberta para que mais grupos de pais e mães pelo clima possam assiná-la.

O apelo partiu de uma iniciativa de mães e pais dos movimentos Our Kids' Climate e Parents For Future.

O Our Kids' Climate é uma coligação de 56 grupos de mães e pais pelo clima de 18 países. Foi criada em 2015 e relançou a sua colaboração na ONU em abril de 2019.

O Parents For Future é o ramo do movimento For Future, movido por mães e pais, que foi inspirado por Greta Thunberg e que iniciou as greves escolares climáticas pelo mundo inteiro com o ‘Fridays For Future’. O movimento cresceu rapidamente durante o ano passado e hoje está representado em pelo menos 23 países.