O ativista está em Portugal para participar hoje e no dia 13 em palestras no Goethe-Institut em Lisboa e disse à Lusa que “infelizmente, não existe nenhum país que esteja no caminho certo, neste momento”.

“Por exemplo, em Portugal temos o gás em Sines e outras fontes de gás e, por isso, não está a reduzir [as emissões] o suficiente. A ciência é clara. Precisamos de reduzir pelo menos metade das emissões [de gases] até 2030 e Portugal não está no caminho certo, mas está melhor que o Reino Unido”, observou.

Para Robin Boardman a mudança deve ser feita “com o movimento do povo e não apenas [com a] política do Governo. Precisamos de um movimento nacional para fomentar esta mentalidade para um mundo novo. (…) Não é a política radical que precisamos, precisamos de uma linguagem mais forte”.

O ativista britânico sublinhou que pretende juntar o movimento do Reino Unido com o de Portugal, recordando a aliança de 650 anos entre os dois países, a mais antiga do mundo.

“Precisamos desta aliança no combate à crise climática. Para partilhar táticas, para partilhar emoções. Estou a aprender um bocado mais sobre a situação daqui [portuguesa] e vou partilhar esta informação com os meus colegas no Reino Unido para juntar o movimento, para criar esta ação”, anotou.

O ativista climático criticou ainda alguns políticos, dizendo que “não estão a dizer a verdade sobre a crise climática”.

“Não estão a dizer a verdade, porque não querem perder votos através de políticas que não são populares nesta matéria e, por isso, temos este problema de ação lenta e as pessoas desconhecem a gravidade da situação”, adiantou.

Exigindo uma mudança de mentalidade, Boardman disse à Lusa que a ‘Extinction Rebellion’ vai “organizar uma declaração de rebelião em Portugal”, em setembro, como no Reino Unido e na Alemanha, mas sem adiantar pormenores.

“Cada mês, antes de setembro, vamos ter uma ação para mobilizar as pessoas para consciencializar as pessoas em Portugal sobre o movimento, com sereias mortas, por exemplo, e com ações criativas”, frisou.

O ‘Extinction Rebellion’ é um movimento ambiental global que utiliza a desobediência civil não-violenta para tentar deter a extinção massiva das espécies e minimizar o colapso da sociedade.

O movimento nasceu em 2018 depois de ativistas britânicos se terem reunido na praça do parlamento em Londres para anunciar uma declaração da rebelião contra o governo do Reino Unido.

Em Portugal, embora não se dizendo adeptos deste movimento, estudantes mobilizaram-se em protesto pelo clima e pelo fim dos combustíveis fósseis no final do ano passado e ocuparam várias escolas e universidades durante uma semana, um protesto que repetiram noutros espaços, como o Ministério da Economia, e que obrigou, por vezes, à intervenção das forças de segurança.

Em maio, um grupo de ativistas da Plataforma Parar o Gás acorrentou-se no portão da entrada principal do Terminal de Gás Natural Liquefeito, no Porto de Sines (Setúbal), para bloquear o funcionamento daquela infraestrutura.