1. O contacto privilegiado com a natureza dentro e fora do hotel
A quinta onde está localizado o hotel Senhora da Rosa faz parte da família de Joana Damião Melo há cerca de 200 anos. Em 1994, aquela que, durante anos, foi a casa dos seus avós transformou-se na Estalagem Senhora da Rosa, um projeto hoteleiro dos seus pais que esteve em funcionamento durante 17 anos até fechar portas em 2011.
Oito anos mais tarde, em 2019, a empresária voltou a adquirir a propriedade familiar com objetivo de lhe uma nova vida. Apesar de ter optado em manter o nome Senhora da Rosa, apostou num novo conceito onde tradição e natureza se fundiam dentro e fora do hotel. O primeiro passo foi reaproveitar os três hectares de área verde desta quinta do século XVIII através da criação de várias zonas de estar, lazer, relaxamento e repouso que os hóspedes pudessem usufruir durante a sua estadia. A piscina e o jardim exterior, o spa Musgo e o campo de paddle são alguns dos serviços disponíveis e que estimulam o contacto com a natureza.
De forma a trazer beleza e paisagem natural dos Açores para o interior deste projeto hoteleiro, elegeu o verde para cor dominante do Senhora da Rosa – que adquire diferentes tonalidades na receção, bar e restaurante Magma, apostou em plantas naturais e decidiu colocar, em cada um dos 33 quartos do edifício principal - que variam entre Standard Single, Standards Duplos, Deluxe Duplo, Junior e Family Suite -, uma fotografia da ilha de São Miguel. “O meu irmão fez a parte da curadoria que foi selecionar fotografias que dessem a sensação de entrar naquela paisagem. Eu não queria um postal turístico da ilha. Queria algo que, a pessoa está na cama e, se até tirar uma selfie, parece que está naquele enquadramento”, refere.
2. Os petiscos tradicionais do Magma que incentivam à partilha
Como forma de tentar recuperar o prestígio culinário que, em tempos, deu fama ao Senhora da Rosa, a fundadora tomou uma atitude drástica. Após dois da sua abertura, em 2023, reformulou a carta do Magma onde virou, por completo, as costas à modernidade gastronómica e trouxe para a mesa o receituário da sua família. “É uma carta com tradições e raízes açorianas, com influência dos meus antepassados, quer do lado da minha mãe quer do lado do meu pai, onde houve uma partilha de conhecimento de familiares meus a ensinar a novas gerações”, afirma.
Para concretizar esta visão, contou com os dotes culinários das suas tias a quem entregou a responsabilidade de ensinar ao chef Duarte Rodrigues, que atualmente comanda o restaurante, todos os seus truques, técnicas e segredos de forma a garantir que a confeção dos pratos da nova carta saíssem com o toque caseiro e autêntico que pretendia. As memórias culinárias do staff foram o ponto de partida para a criação do menu dedicado à cozinha açoreana que conta com dois conceitos gastronómicos: opções descontraídas para partilhar em família ao almoço e um menu de degustação mais sofisticado ao jantar que, ao ser feito com a matéria-prima disponível no dia, pretende surpreender os clientes.
Em ambos os momentos do dia irá encontrar pratos que pretendem resgatar para o presente aqueles que são os sabores tradicionais e típicos da ilha, como é o caso da meloa e os enchidos de Santa Maria, os queijos de São Jorge, o ananás dos Açores ou os vinhos do Pico. Chicharrinhos “casados”, bolo lêvedo com manteiga de alho e queijo, pastéis de massa tenra de alheira, ananás com morcela e sonhos de bacalhau são alguns dos petiscos que pode provar ao almoço. Se ainda tiver barriga para mais, não deve deixar de pedir o arroz de peixe dos Açores que consegue aliar aconchego e conforto.
3. Dormir num cafuão instalado numa quinta com 200 anos de história
Uma das formas que a atua CEO encontrou para dinamizar a área verde da quinta foi através da criação de novos projetos. Um deles foi a construção de dois quartos exteriores que, para além de uma maior privacidade, permite a todos os hóspedes a possibilidade de se desconectarem da azáfama do mundo exterior. “É um pequeno retiro que as pessoas adoram”, diz sobre este espaço.
Uma curiosidade interessante vai para o facto de cada um dos Tranquility Garden Lodges terem sido construídos à imagem e semelhança dos cafuões - pequenas estruturas em madeira onde antigamente eram armazenados os cereais e os utensílios de cultivo das quintas - utilizados pela avó da proprietária. Construídos em criptoméria, estas pequenas casinhas elevadas do chão são a opção ideal para todos aqueles que pretendem uma experiência rodeada de natureza, mas com as comodidades de um hotel.
De forma a tornar estes quartos ainda mais especiais, apostaram numa decoração onde o rústico e o vintage convivem entre si. Camas de dossel, escrivaninhas ou toucadores são alguns das peças de mobiliário com história que decoram estas duas acomodações de 33m2 que incluem uma varanda com vista privilegiada para a quinta e uma banheira onde é possível tomar banho ao ar livre. E estando no meio da natureza não se surpreenda se, durante a sua estadia, receber a visita de diferentes bichinhos. “Essa é mesmo a sensação que queremos transmitir às pessoas: que podem escolher um hotel no meio da natureza na ilha verde”, adianta.
4. Relaxar no meio de uma estufa de ananases
Se lhe dissermos que no Senhora da Rosa é possível viver momentos de relaxamento no interior de uma estufa de ananases? O hotel, que se dedica ao cultivo de 14 variedades de fruta no interior da sua propriedade, decidiu reaproveitar parte de uma das suas estufas e proporcionar uma experiência única a todos aqueles que o visitam. Assim decidiu instalar um tanque aquecido num local onde os hóspedes pudessem tomar banhos de água quente durante todo o ano com vista para a sua produção de ananases.
Apesar de acomodar apenas duas ou três pessoas no seu interior, e ao contrário da piscina não permitir grandes braçadas, é o seu posicionamento inusitado que lhe dá o ar de sua graça. O espaço tem feito tanto furor entre os hóspedes que a grande parte não perde uma oportunidade para visitar e fotografar a estufa durante a sua estadia. Não é à toa que Joana Damião Melo o tenha apelidado do ‘quadradinho mais Instagrammável do hotel”.
Caso não lhe apeteça ir a banhos de água quente, pode optar por mergulhar a fundo na história da quinta e da produção de ananás que, devido à praga do século XVIII, surgiu como alternativa à produção da laranja e começou a ser cultivado daí em diante na ilha de São Miguel. Dada a sua importância, não é de estranhar que o Senhora da Rosa dê as boas-vindas a todos os seus hóspedes com um exemplar desta fruta conhecida pela sua doçura.
5. A decoração de estilo rústico e com alma que conta a história da família
De forma a dar um toque mais pessoal ao Senhora da Rosa, a atual proprietária decidiu incorporar diferentes objetos que atravessaram gerações e que fizeram parte das memórias da sua família na sua decoração. À semelhança dos Tranquility Garden Lodges, a missão de decorar o edifício principal ficou nas mãos da sua mãe, Natália Damião. “Quando decidi que o mote da Senhora da Rosa era tradição e natureza, pensei ‘vamos tirar tudo dos baús e das gavetas’”, explica, referindo sobre a importância que a veia colecionadora da progenitora veio a desempenhar na decoração este projeto hoteleiro.
Em cada recanto, os hóspedes são convidados a descobrir diferentes histórias sobre a sua família que é contada através das fronhas bordadas e das tocas de batismo emolduradas que podemos encontrar nos corredores que nos levam até aos 33 quartos do edifício principal. Como forma de recuperar peças caídas em desuso, Natália Damião decidiu usar parte da sua coleção de latas de azeite e caixas de rebuçados antigas para separar a zona do lobby do bar do hotel.
Este cruzamento entre o antigo e o moderno também está presente na decoração do restaurante Magma, localizado no piso térreo do hotel e onde são servidos os pequenos-almoços. Tirando a cor das paredes, as formas de bolos antigas da avó que agora adornam as paredes e a inclusão de novos acessórios decorativos, o espaço manteve-se praticamente intacto: as paredes de pedra e os móveis centrais são os mesmos que existiam durante a época em que a gestão do Senhora da Rosa estava entregue aos seus pais. “Remetemos sempre para as tradições, as nossas histórias, as nossas memórias”, adianta a proprietária.
6. A carta de sushi do Mirante Rooftop Bar onde o peixe açoriano é rei
De forma a conciliar inovação e autenticidade, Joana Damião Melo resolveu trazer um pouco do mundo asiático para dentro do Senhora da Rosa. No Mirante Rooftop bar os fãs de sushi vão poder desfrutar de pratos tradicionais japoneses feitos com matéria-prima açoreana, mas sem nunca perder de vista a fusão. Para além do set de nigiris (que variam entre o chutoro com kisame e wasabi, toro flamejado com flor de sal e barriga de lírio com alho francês e coentros), a carta conta com duas novidades: o gunkan de atum (com gengibre ralado) e o negitoro (feito com barriga de atum e cebolinho), que é um dos momentos preferidos do chef Pedro Rosa.
“Há 10 anos, quando comecei a fazer sushi, não havia esta procura. Havia uma moda de sushi. Hoje em dia já não é uma moda, é um estilo de vida”, explica, aludindo a esta nova geração de clientes exigentes, informados e que sabem exatamente aquilo que querem. Para além do lírio e do sargo, o bluefin e o yellowfin são duas das variedades de atum que vêm diretamente da costa açoriana para o prato. "Já existe muito mais valorização da costa. O cliente já vem com mais conhecimento."
Outra das novidades que compõe esta carta - e que não deve deixar de provar - é o miso de cogumelos shitake e enoki com um side de tempura de enoke que vai reconfortar o corpo e a alma durante os dias mais frios. “Fiz uma tempura de enoki à parte para ir molhando e comendo em conjunto. Dentro da miso não podia deixar de utilizar um peixe da nossa costa, o sargo, que tem muito sabor a mar.” Para além das iguarias asiáticas que pode provar diariamente ao jantar, pode ir ver o pôr-do-sol e beber um cocktail ar livre com amigos no rooftop do Mirante enquanto aprecia a vista para a quinta.
O SAPO Lifestyle esteve nos Açores a convite do Senhora da Rosa Tradition & Nature Hotel
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