Após meses de problemas de saúde, Isabel II faleceu na quinta-feira no castelo escocês de Balmoral.

A família reuniu-se no castelo durante o dia e, após o falecimento, o herdeiro, de 73 anos, tornou-se o novo monarca com o nome de Carlos III.

Depois de passar a noite em Balmoral, ele e a sua esposa, a rainha consorte Camila, deixaram a residência oficial com destino a Londres, a 800 km de distância, onde será proclamado oficialmente rei na manhã de sábado.

O primeiro discurso de Carlos III, pré-gravado, será exibido esta sexta-feira às 18h00, como parte de um protocolo que envolve 10 dias de eventos cuidadosamente planeados durante décadas.

O Conselho de Sucessão reunir-se-á no sábado às 10h00 no Palácio St James em Londres e a proclamação será lida em público uma hora depois, informou o Palácio de Buckingham em comunicado.

"Durante este período de luto e mudança, a minha família e eu sentimo-nos confortados e apoiados pelo nosso conhecimento do respeito e do profundo afeto do qual a rainha gozava", afirmou Carlos na quinta-feira.

O governo de Liz Truss, a nova primeira-ministra nomeada por Isabel II na terça-feira no último ato oficial de seu longo reinado, liderou esta sexta-feira um conselho de ministros extraordinário.

O gabinete expressou "união no seu apoio a Sua Majestade, o rei Carlos III", afirmou um porta-voz após a reunião, que terminou com um "minuto de silêncio".

Isabel II foi "uma das maiores líderes que o mundo conheceu", afirmou Truss durante uma homenagem no Parlamento.

Os sinos de todas as igrejas do país, incluindo da catedral de St Paul e da Abadia de Westminster, em Londres, tocaram ao meio-dia em homenagem à falecida monarca.

E uma hora depois foram disparadas 96 salvas de canhão em vários pontos do Reino Unido em homenagem aos anos de vida da monarca.

Em sinal de respeito, a Premier League suspendeu todos os jogos de futebol no fim de semana.

Carlos III terá "dificuldade para reinar"

"Eu amava-a. Era a única autoridade digna do nome que restava no país", lamentou Paul White, um londrino de 48 anos, que utilizava o metro de Londres esta manhã. "Charles III (...) terá dificuldade para reinar depois dela, mas vou apoiá-lo", disse.

Fotografias de uma sorridente Isabel II em várias etapas da sua vida monopolizavam as primeiras páginas dos jornais britânicos nesta sexta-feira.

Enquanto britânicos e estrangeiros se reuniam com flores e fotos diante do Palácio de Buckingham, foram prestadas homenagens ao redor do mundo, incluindo a Torre Eiffel em Paris e o Empire State de Nova Iorque.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou uma "estadista de dignidade e constância inigualáveis". O imperador do Japão, Naruhito, elogiou as "muitas conquistas contribuições" de Isabel II. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que Isabel II tinha "autoridade" no mundo, mas não pretende viajar a Londres para o funeral da rainha.

Discurso do rei

Antes do discurso aos britânicos, o novo rei terá a primeira audiência com Truss e reunir-se-á com os funcionários responsáveis pelos preparativos do grande funeral de Estado da sua mãe, que terá a presença de monarcas, chefes de Estado e chefes de Governo de todo o mundo.

O caixão de Isabel II deve viajar nos próximos dias da Escócia para Londres: será velada, homenageada e enterrada num funeral de Estado que não deve ocorrer em menos de 10 dias.

A rainha chegou ao trono com apenas 25 anos e os seus 70 anos de reinado registaram vários recordes.

Após a grande popularidade de Isabel II, o futuro da monarquia britânica promete ser mais complicado com Carlos III, menos apreciado pela opinião pública.

Os britânicos preferem o seu filho mais velho, William, de 40 anos, e a esposa deste, Kate, que ao lado dos filhos pequenos, George, Charlotte e Louis, são considerados uma família mais moderna.

O luto oficial terminará com um último adeus à monarca na abadia londrina de Westminster.

A cerimónia de coroação de Carlos acontecerá numa data que ainda será definida. Isabel II teve que esperar mais de um ano antes do evento oficial que a tornou rainha.