6 de agosto de 1996 é uma data que Daniel Ducruet dificilmente esquecerá. Numa altura em que ganhava protagonismo e poder no principado monegasco, um ano após o casamento com a princesa Stéphanie do Mónaco, com quem namorava desde o início da década de 1990, o antigo guarda-costas francês, entretanto convertido em empresário, foi atraído por Fili Houteman para uma vivenda no sul de França. Horas depois, sem saber, era fotografado à beira da piscina, a ter relações sexuais com a miss belga.

Escondido numa habitação vizinha, um paparazzi belga tirou 396 fotos e gravou um vídeo, que ainda hoje se encontra facilmente na internet. Menos de um mês depois, as revistas italianas Eva Tremila Express e Gente divulgavam as polémicas e ousadas imagens com títulos bombásticos. "Daniel Ducruet trai Stéphanie do Mónaco com esta bela morena", noticiava uma. "Stéphanie do Mónaco traída. As fotos do pecado de Daniel Ducruet", anunciava a outra. Nos dias seguintes, as fotografias correriam o mundo.

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Confrontado com as provas da traição, Daniel Ducruet jurou, desde o início, inocência. "Fui drogado. Não estava em mim", desabafaria numa das raras vezes em que abordou o fatídico dia publicamente. Embora nunca se tenha pronunciado oficialmente sobre o ocorrido, a princesa monegasca, então com 31 anos, é pressionada pela família a separar-se do antigo guarda-costas. O divórcio é assinado a 4 de outubro de 1996, um mês após a divulgação das imagens e menos de dois meses após a traição. Em 2000, o tribunal dá razão a Daniel Ducruet, que teria sido vítima de uma armadilha, montada com o objetivo de conseguir milhares com a venda das fotos.

Em tribunal, os advogados do francês conseguem provar que Fili Houteman, que tinha conhecido o ex-marido da princesa nos bastidores de uma prova de automobilismo, elaborou, juntamente com o fótógrafo Stephane de Lisiecki e com o seu assistente, Yves Hoogewys, um plano para atrair o empresário ao local e que o teria efetivamente drogado. O paparazzi assumiu a autoria do crime mas garante que pretendia apenas conseguir uma imagem de Daniel Ducruet a beijar a Miss Topless Bélgica 1995.

"Surgiu ali uma oportunidade incrível para o meu cliente. Ele teria sido um tonto se não a aproveitasse", justificou um dos advogados do fotógrafo perante o coletivo de juízes. Stephane de Lisiecki revelou que gastou, na altura, 70.000 francos franceses, cerca de 8.200 euros na conversão atual, para montar a armadilha a Daniel Ducruet e que a venda das fotos lhe rendeu 250.000 francos franceses, menos de 30.000 euros na conversão atual. Fili Houteman foi condenada a seis meses de prisão com pena suspensa.

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O fotógrafo e o assistente foram punidos com um ano mas também eles não chegaram a ser encarcerados. Stephane de Lisiecki foi ainda condenado a pagar 200.000 francos franceses, pouco mais de 22.000 euros na conversão atual, ao empresário caído em desgraça. O valor seria pago pelos três, apesar de Fili Houteman sempre ter negado ter conhecimento de que estaria a ser filmada e fotografada. Três anos antes, no início de 1997, Daniel Ducruet escreve "Lettre à Stéphanie", um livro autobiográfico que é também uma carta aberta para a princesa. "Não sou um animal que devore tudo o que lhe passa por debaixo do nariz", garante o francês.

"Foi o meu corpo e não o meu coração que falou naquele dia. Suplico-te, acredita em mim. Não estava no meu estado normal", admitiu. "Fui vítima de uma conspiração. Não era uma rapariga vulgar como a Fili que me iria dar a volta. Já apresentei queixa", revelou. Apesar da declaração de amor pública, a princesa nunca perdoou àquele que muitos afirmam ter sido o grande amor da sua vida. Pouco depois, Daniel Ducruet lançou o single "Pourquoi pas", que cantou no programa da SIC "Roda dos milhões".

"Ninguém te amará mais do que eu", canta no refrão. Ainda lançaria mais três singles mas, sem sucesso, nunca acabaria por gravar o álbum que chegou a anunciar. Atualmente no terceiro casamento, o empresário é pai de quatro filhos, dois deles em comum com Stéphanie do Monaco, Louis e Pauline Ducruet. Em 2010, o antigo guarda-costas foi visto publicamente com a ex-mulher, com quem mantém uma relação cordial, durante uma competição de natação em que a filha, hoje com 27 anos, participa.