Sou fumadora e estou grávida! Devo deixar de fumar de repente ou ir reduzindo o número de cigarros? A dúvida, muito comum, é colocada diariamente a especialistas em todo o mundo. Perante o dilema, qual será a melhor decisão a tomar? «O fumo interfere quer com a saúde da mãe (já afetada, dependendo do número de cigarros que fuma por dia e os anos de duração do tabagismo) quer com a do feto», assegura Alexandre Lourenço, consultor em ginecologia e obstetrícia no Hospital de Santa Marta e assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa.
Este comportamento está «associado a eventos imediatos (parto pré-termo, prematuridade fetal, recém-nascidos de baixo peso e maior mortalidade perinatal) e a efeitos tardios (menor desenvolvimento do recém-nascido com evidências de alterações cognitivas e doenças futuras). Face a este panorama, e sabendo que a redução necessária para não afetar a placenta tem de ser drástica, é sempre preferível deixar de fumar do que reduzir o vício», esclarece.
«Deve aproveitar essa abstinência para abandonar o tabagismo, dado que fumar ao pé de um recém-nascido ou deixá-lo crescer num ambiente de tabagismo mantém e amplifica os riscos futuros da saúde da criança», aconselha ainda o especialista. Um estudo de 2008 refere que cerca de 30% das mulheres portuguesas que fumam continuam a fazê-lo depois de engravidar.
«Uma prática que, entre muitas outras consequências nefastas para a saúde do bebé, aumenta em 40% o risco de nados mortos», referiu publicamente, na altura, o médico José Belo Vieira, responsável pelas consultas de cessação tabágica de um centro de saúde da Grande Lisboa. «Os filhos de mães que fumam mais de 20 cigarros por dia têm maior risco para a dependência de nicotina ao longo da vida e podem sofrer sintomas de privação da nicotina ao nascer», adverte.
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