Quando o regime de Moscovo anexou o território ucraniano da Crimeia em 2014, a Finlândia, que tem uma longa fronteira com a Rússia, assistiu a uma crescente onda de desinformação no país que fazia levantar os temores entre a população de uma possível invasão russa.
Rapidamente começaram a surgir notícias falsas em diversos sites informativos finlandeses, mas também nas redes sociais, que insuflaram o debate público, obrigando o governo finlandês a agir para evitar que mais mentiras se espalhassem ou subissem de tom.
Segundo o jornal The Guardian, a grande aposta foi a educação e em 2016 a alfabetização ou literacia mediática passou a constar do currículo escolar com o objetivo de desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
Mas já antes o ensino finlandês apostava nessa vertente. No sistema educacional deste país da Europa, a educação mediática já é abordada no ensino desde a primeira infância, segundo dados da UNESCO.
Porém a inclusão do tema no ensino obrigatório fez da Finlândia o país mais resistente à desinformação entre as nações da Europa, segundo o estudo anual do instituto Open Society.
Como funciona na prática?
Segundo explicou Kari Kivinen ao jornal britânico The Guardian, as aulas de Matemática ensinam, por exemplo, como estatísticas podem ser distorcidas; e as aulas de História abordam as campanhas de propaganda usadas ao longo dos tempos para mudar a opinião pública, como aconteceu nas grandes guerras, especialmente durante o regime nazi.
O intuito é mostrar aos alunos como o uso de determinados elementos - comparações distorcidas, bem como adjetivos, substantivos, imagens e metáforas - podem influenciar a população.
"O objetivo é criar cidadãos e eleitores ativos e responsáveis", disse Kivinen. "Pensar criticamente, verificar os fatos, interpretar e avaliar todas as informações que se recebe, onde quer que elas apareçam, é crucial. Fizemos disso uma parte essencial do que ensinamos, em todas as disciplinas", sublinhou.
Os alunos também são desafiados a investigar sobre determinados temas e apresentar fontes de informação sólidas, bem como a desenvolver o sentido crítico quando estão perante títulos "clickbait" através da comparação do viés mediático em várias notícias sobre o mesmo tema.
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