O surto pandémico de COVID-19 que veio revolucionar os hábitos do mundo obrigou os membros de muitas famílias a terem de passar mais horas juntos do que o habitual, uma convivência que nem sempre foi pacífica. Em Espanha, os profissionais da Fundación Anar, uma fundação que auxilia menores em risco, receberam 1.441 pedidos de ajuda de crianças e de adolescentes em seis semanas. Desses, 863 eram casos de maior gravidade, noticiou nas últimas horas a imprensa espanhola.
Cerca de metade eram de vítimas de agressão física. "O confinamento aumenta a vulnerabilidade dos menores que sofrem de violência doméstica, uma vez que não vão à escola, onde os professores conseguem detetar essas situações. Também não se podem relacionar com os amigos. Estão sozinhos com a família e se, habitualmente, já é difícil saber o que se passa dentro de portas, agora, então, essa dificuldade ainda é maior", sublinha a jornalista do El País María Sosa Troya.
Nesse período, os serviços de emergência receberam 117 participações da fundação. A ocorrência mais grave recebida por esta entidade foi, no entanto, a de uma menina de 11 anos a denunciar os avanços sexuais do pai, com quem estava isolada. "Ele agarra-me e toca-me nas partes íntimas. Sinto-me encurralada", desabafou a criança. Apesar de não existirem dados oficiais da violência doméstica durante o isolamento, em 2019 as autoridades espanholas receberam mais de 5.400 queixas.
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