O terceiro dia dos desfiles de prêt-à-porter primavera-verão foi marcado também pelo aparecimento inesperado do estilista Christian Lacroix, que assinou uma coleção juntamente com o belga Dries Van Noten após uma década de ausência das passerelles.
"Pareceu-me interessante mencionar todos esses rapazes e raparigas que trabalham com o corpo, que muitas vezes são desacreditados, e falar sobretudo de uma época de liberdade", disse à AFP o diretor artístico da marca Guy Laroche, Richard René.
O estilista defendeu a marca que fez o guarda-roupa do filme "Madame Claude", uma homenagem à proxeneta que fazia a gestão de uma rede de prostituição e sedução para milionários e dignatários.
"Não se deve misturar as coisas: o #MeToo é sobre pessoas que são obrigadas, é uma agressão sexual, aqui falamos de pessoas que decidem vender o seu corpo, é uma escolha livre", diz. "Nada a ver com a época atual, em que não podemos dizer nada nem fazer nada".
Madame Claude "faz parte da história. Ofereceu a essas meninas o mundo do luxo, não as colocou nas ruas", disse o estilista, que apresentou uma coleção com predomínio de looks justos e botas de salto alto.
Com uma moda cada vez mais unissexo, em que o conforto e a elegância são mais importantes do que ser sexy, as declarações de René ecoam com as palavras que o estilista Anthony Vaccarello, diretor artístico da Saint Laurent, proferiu no fim de semana junto da imprensa francesa.
Atualmente é "impossível ter uma opinião contrária à opinião geral (...) Dizem-me 'é muito curto, é muito transparente'. Odeio esse novo puritanismo que julga tudo", disse Vaccarello ao Journal du Dimanche. A sua marca é alvo de críticas pelas suas campanhas publicitárias, consideradas sexistas.
Após abandonar a Alta Costura em 2009 para se dedicar ao figurino de teatro e das óperas, o francês Christian Lacroix voltou de surpresa para a Semana da Moda para apresentar uma coleção inspirada no universo do filme "Barry Lyndon", em que trabalhou durante cinco meses junto a Dries Van Noten, o rei dos estampados.
O estilista belga buscava exuberância, volume e leveza. "E rapidamente dei-me conta de que todos os caminhos levavam ao trabalho e ao universo de Christian Lacroix".
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