São portuguesas e custam 80 € mas a estilista norte-americana Tory Burch vende-as por 695 € como se fossem uma criação própria e, antes de ser confrontada com a apropriação indevida pelos orgãos autárquicos da Póvoa de Varzim, aos quais nunca deu resposta, como noticia o jornal Público, anunciava-as como peças de vestuário de inspiração mexicana, apesar dos muitos símbolos nacionais, facilmente identificáveis pelos conhecedores.
A estilista e empresária comercializa as famosas camisolas utilizadas pelos pescadores poveiros, fabricadas à mão no município há mais de um século, como se as tivesse criado, por um preço quase nove vezes superior. "A coleção de primavera/verão de 2021 da Tory Burch foi inspirada num artesanato com sentido e no [meu] amor pelas texturas naturais, inspirada nos cestos que pendiam na casa da minha infância", descreve a empresária.
"Recriámos a tecelagem de cestos em diferentes materiais, incluindo o voile bordado e o couro tecido ou estampado", explica a designer de 54 anos, nascida na Pensilvânia, na legenda da publicação que acompanha uma fotografia da camisola poveira. Nas redes sociais da marca, após a divulgação da notícia, foram muitos os portugueses a insurgirem-se contra a estilista nas últimas horas. Sem resposta. Grace Kelly, princesa do Mónaco, chegou a ter uma.
Entretanto, há pouco mais de uma hora, Tory Burch recorreu ao Twitter para reconhecer publicamente o ato de apropriação, com uma publicação escrita em português. "Foi um erro não termos feito referência às bonitas e tradicionais camisolas de pescador tão representativas da cidade de Póvoa de Varzim", assume a criadora americana, que garante ainda estar a trabalhar com a autarquia nortenha numa forma de apoiar os artesãos locais.
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