As modelos, maquilhadas com lágrimas negras debaixo dos olhos, exibiram gorros pretos tipo touca com véus, avançando sob a tenda de circo instalada nos jardins do museu Rodin. O desfile foi acompanhado por uma performance de acrobatas do Mimbre, uma companhia britânica de circo feminino.

Esta colaboração faz parte da tradição do estilista Christian Dior, que costumava ir ao Circo de Inverno parisiense, onde Richard Avedon tirou, em 1955, a famosa foto da modelo Dovima com um vestido de Alta-Costura entre dois elefantes.

"Em Paris, há uma longa tradição circense, como na Itália, quando se pensa em Fellini e '8 1/2'. O circo é um pequeno mundo que se move de uma cidade para a outra e muda a cidade à qual chega. Como a Semana da Moda", declarou à Agência France-Presse Chiuri, que sempre inclui referências artísticas nos seus desfiles.

"É um espetáculo no qual cada peça representa um caráter": "corajoso", como um traje preto com calças balão, ou "melancólico", como um vestido de cor pastel.

As referências aos símbolos do circo são evidentes, como os padrões de losangos sobre padrão jacquard, cetim ou organza e os animais bordados sobre as saias. O corte de algumas peças lembra o traje dos domadores.

No seu desfile não podia faltar a vertente feminista que caracteriza a estilista italiana, famosa pela popular t-shirt da Dior com o lema "We should all be feminists" (Deveríamos ser todos feministas).

Desse modo, levou à passerelle uma modelo com um vestido de tule com faixas de cetim multicoloridas, numa homenagem a Maud Wagner, artista de circo e primeira mulher tatuadora dos Estados Unidos.

Os colares, pulseiras e anéis representam mãos entrelaçadas. "Nos exercícios de acrobacia, é preciso ter confiança, a nossa vida está nas mãos de outro. É uma bela metáfora", disse a estilista italiana.