Pimenta: “aquece, provoca a urina, serve a digestão”
Esta especiaria, originária da Índia entre outras regiões tropicais, é das que se estima com utilização mais antiga e, desde sempre, uma das mais cobiçadas. Sobre os poderes da pimenta escrevia o médico Garcia de Orta, no séc. XVI: “Aquece, provoca a urina, serve a digestão (...). Socorre as mordeduras das feras, extirpa a criatura morta no ventre e crê-se que medita na natureza da mulher depois do parto, lhe tira a esperança de jamais emprenhar. (...) Bebida com as folhas macias do loureiro, sana as cólicas do ventre, incita e ajuda a digerir as carnes”.
A pimenta-branca e a pimenta-preta provêm do mesmo arbusto. Estas devem ser moídas na altura da refeição, pois a pimenta moída perde qualidade de aroma com o tempo. Para além da utilização culinária, a pimenta é um agente conservante de certos preparados de carne, como enchidos, mortadela, entre outros. Desde a Antiguidade que se sabe da sua utilização farmacêutica, com uma acção medicinal sobre um vasto leque de doenças.
Cravo: O bom amigo do hálito agradável
O cravo, ou como também se designa, cravinho, é oriundo das Ilhas Molucas (território que engloba a actual Indonésia). Desde a antiguidade é utilizado pelos orientais para conferir melhor hálito. Em certas regiões da Índia ainda hoje se atribuem propriedades afrodisíacas ao cravo.
A especiaria, com uma cor castanho-escura, é constituída pela flor completamente desenvolvida mas não aberta e encontra-se no mercado inteira ou em pó. O cravinho é utilizado directamente na culinária, para macerar caça, temperar couve-rouxa e aromatizar vinho quente ou ponche. O óleo de cravo é muito utilizado na cosmética e farmácia e as suas propriedades são conhecidas no tratamento de cáries dentárias.
Cardamomo: o estimulante da saliva
Planta originária das florestas húmidas da Índia e surge em altitudes de 700 a 1500 m. Durante algum tempo, o cardamomo foi uma especiaria apenas de consumo local colhida em pequenas quantidades. Na época, a Europa recebia apenas pequenos lotes e a planta colhia-se no seu estado natural. Com o aumento do consumo iniciou-se então a cultura regular.
A especiaria é o fruto ou as sementes secas, de cor castanha que atingem no mercado preços bastante elevados. É utilizado sob a forma de frutos ou sementes inteiras ou moídos. Os frutos, como agente aromatizante, empregam-se em panificação, em pastelaria e integram o pó de caril. Os árabes têm por hábito misturá-los no café. Em medicina é utilizado como estimulante da saliva e sucos gástricos e induz o apetite.
Canela: Um dos ingredientes do incenso
Originária da Ilha do Ceilão (atual Sri Lanka) a casca da canela é usada essencialmente como especiaria sobretudo em pastelaria e doçaria. Utiliza-se ainda no fabrico de aromatizantes para bebidas. A canela em pó é um constituinte indispensável do pó de caril e entra também no fabrico do aromático incenso. Em medicina tradicional era considerada estimulante eupéptica e antidiarreica.
Gengibre: aquele gostinho especial do ginger ale
Desde há milénios que o gengibre se utiliza no Oriente. Terá sido uma das primeiras especiarias que os europeus conheceram. A especiaria é o rizoma seco, utilizado em pedacinhos ou ralado.
Nas zonas produtoras é comum o gengibre entrar na confecção de todos os pratos e o seu consumo é tradicional entre os árabes. É também um dos principais componentes do caril e emprega-se em pastelaria e na indústria dos licores. Constitui elemento essencial de bebidas como o Ginger Ale. Emprega-se ainda esta especiaria em pastas de dentes, pastilhas e infusões medicinais.
São conhecidas as suas propriedades como estimulante da produção se sucos gástricos.
Noz-moscada: não só na comida, também nos medicamentos
É oriunda da Indonésia e faz parte daquele grupo de especiarias que motivaram, outrora, os portugueses a chegar à Índia por mar. Tem sido utilizada ao longo dos tempos sobretudo em culinária, apurando o sabor do puré de batata, do peixe e dos molhos. O óleo essencial desta especiaria utiliza-se em produtos conservados, em perfumaria e no fabrico de alguns medicamentos. À noz-moscada tem-se atribuído propriedades estimulantes, desinfectantes do intestino e também efeitos afrodisíacos.
Baunilha: no século XIX foi sujeita a fecundação artificial
Os europeus tiveram pela primeira vez conhecimento da baunilha quando Montezuma, imperador asteca do século XVI, ofereceu aos conquistadores espanhóis uma pasta constituída por uma mistura de cacau e milho pulverizados, aromatizada com baunilha.
Contudo, fruto do segredo que os Astecas guardavam sobre o produto, só na segunda metade do século XVI os espanhóis conseguiram conhecer a planta donde era originário o novo e delicioso sabor.
A baunilha era na América do Sul um elemento de aromatização de utilização exclusiva dos imperadores Astecas. A sua importância económica e social era de tal ordem que serviu de moeda durante alguns períodos.
Os espanhóis, ingleses e franceses trouxeram a baunilha para a Europa onde foi muito apreciada pelo aroma.
Só em 1836 se conseguiu efectuar com sucesso a fecundação artificial da flor da baunilha em estufa.
Pimenta da Jamaica: das Caraíbas para a Ásia
Esta especiaria é constituída pelos frutos já desenvolvidos, colhidos antes da maturação, produzidos pela Pimenta Dioica.
É particularmente abundante na Jamaica, donde lhe vem o nome. Encontra-se também no México, Costa Rica, Guatemala e noutros territórios da América Central e das Caraíbas.
A planta foi trazida para estufas na Europa, introduzida mais tarde no Sri-Lanka, Indonésia, Índia e noutros locais do Oriente.
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