Quando, em março de 2020, se juntaram alguns elementos da Organização Mundial de Saúde (OMS) para uma conferência de imprensa sobre a COVID-19, a epidemiologista americana Maria Van Kerkhove enfatizou a necessidade de se dar um novo nome a uma das principais medidas de prevenção da doença.
De acordo com a médica, em vez de promover o distanciamento social devemos promover o distanciamento físico. É que, embora seja essencial que nos mantenhamos fisicamente afastados para precaver o contágio, esta ação não pode levar à desconexão com aqueles que nos são próximos.
Na verdade, a OMS reconhece as relações sociais como um dos fatores determinantes para a saúde das pessoas e das comunidades, contribuindo para uma gestão mais eficaz do stresse e para a prevenção de doenças do foro psicológico.
Uma forte rede pessoal de apoio – composta, entre outros, por familiares e amigos – está tipicamente associada a uma melhor qualidade de vida e é, por isso, de particular relevância em contextos de incerteza ou crise como os que envolvem a pandemia da COVID-19.
O seu estado emocional é uma prioridade
O receio associado ao contágio ou a simples insegurança perante o futuro podem gerar ansiedade, stresse, tristeza ou agitação. Para não deixar que estes estados se tornem dominantes no seu dia a dia, é importante que mantenha bons hábitos alimentares, a prática frequente de atividade física, rotinas de sono saudáveis e tempo para momentos de distração e entretenimento que considere positivos ou relaxantes.
Evite, contudo, passar os dias inteiros em solidão. Dê prioridade ao contacto regular com a família e os amigos. Caso não seja possível, recorra a grupos de apoio como o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) ou o Serviço de Aconselhamento Psicológico SNS 24.
É importante que partilhe os seus sentimentos com outras pessoas sempre que precisar. Na impossibilidade de reduzir a distância física, recorra ao telefone ou à Internet, através de e-mail, videochamada ou redes sociais. Se precisar, pesquise online como configurar estas ferramentas.
Porque o seu estado emocional é tão importante como o seu estado físico, mantenha ainda uma atenção especial a eventuais alterações que envolvam: flutuações de humor; dificuldades no controlo das emoções; fadiga constante ou falta de energia; perturbações no sono; flutuações de peso ou alterações no apetite; dores relacionadas com estômago ou intestino; enxaquecas; e perturbações de memória.
A socialização no “novo normal”
Permanecem, por enquanto, algumas dúvidas sobre quando poderemos retomar os hábitos sociais sem restrições do período pré-COVID-19. Nos próximos tempos o mais provável é que a socialização com outras pessoas envolva o uso de máscaras, o distanciamento mínimo de um metro e a suspensão temporária de cumprimentos não verbais – como beijos, abraços ou apertos de mão. Nenhuma destas limitações é impeditiva de uma conversa ocasional com aqueles que lhe são queridos.
Opte também por explorar as várias opções de entretenimento atualmente disponíveis que lhe permitem conhecer pessoas novas ou desfrutar de momentos em comunidade.
Algumas ideias são:
- Desfrute de concertos de música, espetáculos de teatro e outros eventos culturais, muitos dos quais gratuitos, que tantos artistas têm realizado nos respetivos websites ou nas suas redes sociais.
- Junte-se a grupos privados para sessões de cinema à distância. Existem inclusive aplicações que possibilitam ver filmes em simultâneo com outras pessoas.
- Participe em jogos online que possam ser disputados entre várias pessoas. Muitos deles permitem trocar mensagens de texto, voz ou vídeo com os outros jogadores.
- Inscreva-se em sessões de formação e conviva com outras pessoas enquanto investe na sua educação.
Fonte: Médis
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