É importante que nesta quadra natalícia os adultos estejam atentos para determinados comportamentos que devem adotar ou evitar, de forma a que as suas crianças vivam a efervescente e contagiante magia do Natal sem prejuízo para os seus dentes e gengivas.

Afinal, todos os pais querem oferecer um presente comum aos seus filhos: um sorriso brilhante, bonito, mas sobretudo saudável.

A época natalícia é uma quadra de reencontros, festejada no calor e no aconchego da família, um sinónimo de reboliço, de atividades e brincadeiras que podem favorecer as quedas e, consequentemente, os traumatismos dentários. No caso da fratura de um dente, procurem o fragmento e transportem-no num meio húmido (leite ou água) até ao consultório dentário, mas se não o encontrarem não fiquem preocupados, existem outras soluções para restabelecer a estética e a função do dente partido. Se, por outro lado, ocorrer a “expulsão” completa (coroa e raiz) do dente definitivo, devem reposicionar o dente na boca, no seu local, e pedir à criança para trincar uma compressa; se o dente expulso for um dente “de leite”, o mesmo não deve ser reposicionado. Em qualquer situação devem manter a calma e contactar de imediato o Odontopediatra do vosso filho.

Outra característica “perigosa” desta quadra é o consumo frequente de doces. Idealmente, devem existir momentos específicos para comer as doçuras de Natal, devendo evitar-se o “petiscar” alimentos açucarados entre as refeições, e deve ser incentivada uma maior ingestão de água pela criança, após o consumo destes alimentos perniciosos para os dentes dos mais pequeninos.

Apesar das férias alterarem as rotinas das crianças, as medidas de higiene oral devem ser reforçadas, não fosse esta a época mais doce do ano. Assim, podemos ser mais flexíveis nos horários, mas devemos ser implacáveis no cumprimento das rotinas de higiene oral.

É fundamental que a escovagem dentária seja realizada pelo menos 2x/dia com uma escova com cerdas macias e com pasta dentífrica fluoretada. A quantidade de flúor deve ser a recomendada pelo odontopediatra da criança. Geralmente, 1000 ppm de flúor para crianças desde os 6 meses aos 6 anos de idade (podendo existir exceções) e 1450 ppm de flúor para crianças com 6 ou mais anos. É importante relembrar que não devem comprar a pasta “para a idade” apresentada na embalagem, mas sim, de acordo com a concentração de flúor apresentada nos rótulos. E, muito importante, não esquecer a utilização do fio dentário antes da escovagem dentária pelo menos 1x/dia antes de deitar.

O Natal é um tempo de maior proximidade familiar, por isso, se estão no processo de abandono da chupeta ou de outro hábito de sucção, devem aproveitar este período especial. Nesta quadra, os pais têm maior disponibilidade de tempo para estarem presentes, o que significa mais mimo, afeto e distração, seja pelas brincadeiras ou pela leitura de livros. Às vezes, esta maior disponibilidade e proximidade são suficientes para serem bem-sucedidos nesta árdua tarefa. E porque não tentar, para além da habitual tradição das bolachas e do copo com leite para o Pai Natal, incentivarmos a criança a deixar também a chupeta, na noite de Natal, para o velhinho de barbas brancas? Ele iria ficar muito feliz e, certamente, seria ainda mais generoso nos presentes.

O Natal é tempo da magia e da fraternidade que favorece a capacidade de sonhar dos adultos e das crianças, por isso, para que possam viver esta quadra de forma mágica e saudável, não descurem os cuidados com a saúde oral dos melhores presentes que a vida vos deu: os vossos filhos.

Um artigo de Cátia Carvalho Silva, médica dentista, especialista em odontopediatria.