Quanto mais vou estudando sobre "nós", os doentes de hipertensão pulmonar, mais tenho a certeza que tenho uma grande estrelinha, que sou abençoada pela vida apesar das pedras no caminho!
Desde muito nova que tenho excesso de peso, mas sempre consegui ser fisicamente ativa. Em 2016 comecei a sentir um cansaço diferente durante o exercício físico, procurei ajuda e foram feitos alguns exames (incluindo raio-x e ecocardiograma), mas nada se descobriu! O cansaço manteve-se, mas apenas com exercício físico mais intenso... julgava-se ser do excesso de peso! Tentei emagrecer, contudo em vão.
Em 2018 decidi que não podia esperar mais para realizar o meu sonho: ser mãe. Foi uma gravidez "santa", apesar do cansaço ter aumentado exponencialmente! Depois do meu filho nascer, em novembro daquele ano, o cansaço era tal que nem a cama conseguia fazer... e ainda tinha um recém-nascido nos braços para cuidar. Foi-me dito numa consulta de clínica geral (pós parto): "tem de perder peso porque o corpo está a dar o berro!". Mas nada foi feito para investigar outras possíveis causas.
Entretanto, numa consulta de ginecologia fui encaminhada para um cardiologista uma vez que a tensão arterial estava demasiado alta. Estávamos em janeiro de 2019 e os meus sintomas começavam, finalmente, a ser devidamente investigados.
Foram pedidos exames enquanto aguardava pela consulta de cardiologia, foi nesta altura que entrou o meu "primeiro anjo na terra": o cardiologista Dr. Joaquim Carranca que me fez o ecocardiograma! Encaminhou-me de urgência para fazer uma Angio-TAC, tendo logo sido detetado um tromboembolismo pulmonar. A partir daí já pouco faltava para confirmar o diagnóstico de hipertensão pulmona,r mas ainda fiz mais uns exames (ressonância magnética, cintigrafia pulmonar de perfusão e ventilação, raio-x e análises sanguíneas para verificar a hemodinâmica).
Em abril de 2019, fui encaminhada para as mãos da minha equipa de "segundos anjos na terra", a minha equipa do coração: a Unidade de Hipertensão Pulmonar do Hospital Garcia de Orta, na altura liderada pela Drª Mª José Loureiro, hoje sob a coordenação da Dr.ª Filipa Ferreira. Um mês depois, em maio de 2019, fui internada para iniciar o tratamento para a hipertensão pulmonar: um tratamento de perfusão contínua ao qual fiquei ligada até hoje através de uma pequena máquina que uso à cintura. Um tratamento que me salvou.
Quatro anos depois dos primeiros sintomas, recuperei grande parte da minha qualidade de vida e reaprendi a amar a VIDA! Sou abençoada porque tive a sorte de ter rapidamente encontrado o diagnóstico correto após o início de sintomas mais intensos. Fui salva! Porque me foi dada uma nova chance de viver e pude realizar o sonho da minha vida: ser mãe!
Um artigo de Dulce Barbosa, 40 anos, doente com hipertensão pulmonar.
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