“Entendemos que, pelo menos nos ciclos mais jovens, é muito importante manter as escolas abertas, mas não se podem manter as escolas abertas sem condições, nem de qualquer forma”, disse aos jornalistas no final de uma reunião com a direção de uma escola na Charneca de Caparica, em Almada.
À saída da Escola Básica Carlos Gargaté, Catarina Martins sublinhou que como a maioria das escolas públicas, também esta enfrenta problemas como a falta de professores, de funcionários, e a sobrecarga daqueles que lá trabalham.
“Temos aqui funcionários da escola a trabalharem 12 horas por dia e a ganharem o salário mínimo. Os professores estão ao mesmo tempo a dar aulas presenciais e a acompanhar os alunos que ficam em isolamento. É uma situação de uma carga de trabalhos enorme, e sem gente”, relatou a deputada e coordenadora do BE, sublinhando que mesmo assim a Carlos Gargaté tem sido um exemplo pela forma como tem funcionado durante a pandemia.
De acordo com Catarina Martins, estes são problemas antigos, que a pandemia da covid-19 agravou e cuja resposta se tornou mais urgente.
Por outro lado, o contexto pandémico criou outras necessidades, e a deputada sublinhou a realização de testes rápidos para o rastreio da comunidade escolar, uma medida que já foi aprovada pelo parlamento, mas ainda sem tradução.
“Este é um momento central do país”, sublinhou, reforçando que, independentemente da decisão que sair hoje da reunião do Conselho de Ministros sobre o funcionamento das escolas no próximo mês, é preciso dar uma resposta a estas carências.
“Seja qual for a decisão do confinamento, não vai ser possível sem apoio”, afirmou, defendendo ainda assim o ensino presencial.
Esse apoio, para o BE, traduz-se no reforço de recursos humanos, docentes e não docentes, na melhoria das condições de trabalho e na realização de testes de diagnóstico.
No fundo, resume Catarina Martins, reconhecer as escolas como “um serviço público de primeira linha”.
O Governo anuncia hoje, depois da reunião do Conselho de Ministros, as medidas de confinamento geral ao abrigo do projeto de decreto presidencial de estado de emergência, que entram em vigor já a partir de quinta-feira e deverão manter-se por um mês para travar a pandemia de covid-19 em Portugal.
Na terça-feira, o primeiro-ministro, António Costa, adiantou que a manutenção das aulas presenciais para os níveis de ensino de alunos a partir dos 12 anos seria ponderada pelo Presidente da República, Governo, parlamento e outros agentes do setor da educação.
Praticamente garantido estaria a manutenção do ensino presencial para as crianças com menos de 12 anos.
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