Em LIsboa, a Câmara Municipal anunciou hoje o cancelamento das feiras na área do município, nomeadamente a suspensão das feiras do Relógio, da Ladra e das Galinheiras.
No comunicado, a autarquia, avança que a medida surge na sequência da resolução nº 45-B/2020 do Conselho de Ministros, de 22 de junho e que a suspensão será mantida “até nova avaliação”.
Em declarações à agência Lusa, José Luís, da Associação Feirantes do Distrito de Lisboa (AFDL) explicou que, além das feiras do município de Lisboa, a associação recebeu a indicação por parte das juntas de freguesia respetivas que as feiras da Arroja e de Odivelas (Odivelas) e de Monte Abraão (Massamá - Sintra) tinham sido igualmente suspensas.
“É um bocado injusto fecharem as feiras e o resto do comércio manter-se aberto, como é o caso dos ‘shoppings’”, disse o responsável acrescentando que, apesar de as pessoas “ainda andarem um bocado assustadas” e de haver “poucas pessoas” nas feiras, os feirantes já começaram a “pôr as coisas direitinhas”.
“Volta agora tudo a andar para trás”, reconheceu.
De acordo com o responsável, o argumento apresentando é que será avaliada semanalmente a decisão em manter canceladas ou não as feiras.
“Este fim de semana já fecham, para a semana, se continuar da maneira que está a subir o número de casos, terá de continuar [suspensa], se abrandar logo se verá”, explicou, mantendo alguma esperança no Conselho de Ministros de hoje para saber as medidas em concreto para a Área Metropolitana de Lisboa (AML).
O dirigente reiterou a injustiça da decisão de cancelar as feiras, lembrando que estas se realizam em céu aberto e não em espaço fechado como os centros comerciais.
“Não era preciso as feiras fecharem na totalidade, podiam deixar o ramo dos bens de primeira necessidade. O ramo das hortícolas, das frutas, queijos, pão, etc”, afirmou, sublinhando que, “mais uma vez, se vão crucificar os pequeninos em beneficio dos grandes”.
José Luís apontou que as pessoas sem a feiras “voltam-se novamente para as grandes superfícies”.
Depois de cerca de um mês em que não foi permitida a realização de feiras e mercados devido à pandemia covid-19, em 02 de abril, os vendedores itinerantes puderam continuar a operar nas localidades onde essa atividade era necessária para garantir o acesso a bens essenciais pela população.
Segundo o decreto da Presidência do Conselho de Ministros, de 02 de abril, a identificação das localidades onde a venda itinerante seja essencial para garantir o acesso a bens essenciais pela população "é definida por decisão do município, após parecer favorável da autoridade de saúde de nível local territorialmente competente, sendo obrigatoriamente publicada no respetivo sítio na Internet".
Em 20 de março, a Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF) pediu apoio financeiro ao Governo, depois de os comerciantes terem deixado de trabalhar e ficado sem qualquer fonte de rendimento, devido à pandemia de covid-19.
Numa carta dirigida ao primeiro-ministro, António Costa, a FNAF referiu que os feirantes foram esquecidos e que o que vendem nas feiras é o único meio de subsistência.
Em 30 de abril, quando foram anunciadas as medidas da primeira fase do desconfinamento, a Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF) considerou “lamentável e vergonhoso” que os mercados e feiras tivessem de permanecer encerrados, considerando a medida discriminatória em relação à reabertura do comércio então anunciada.
Só em 15 de maio, o Governo determinou que as feiras e os mercados podiam reiniciar a atividade, “devendo para tal existir um plano de contingência”.
Portugal contabiliza pelo menos 1.549 mortos associados à covid-19 em 40.415 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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