"Na terça-feira, 3.158 pessoas morreram por COVID-19 no Brasil. Este é o maior genocídio de nossa história. A nossa atenção não deve estar nas eleições do próximo ano, e sim na luta contra o vírus e na vacinação da população. Temos que salvar o Brasil do coronavírus", disse Lula à revista alemã.

O Brasil é o segundo país com mais mortes provocadas pela COVID-19, depois dos Estados Unidos. Mais de 12 milhões de brasileiros foram infetados pelo coronavírus, incluindo Bolsonaro, presidente de extrema-direita e um cético que sempre minimizou os riscos do vírus.

Na quinta-feira, o país registou pela primeira vez mais de 100.000 novos contágios num só dia.

"Um presidente não pode saber tudo, mas ele (Bolsonaro) deveria ter a humildade de consultar pessoas que sabem mais do que ele", afirmou Lula, de 75 anos, que pode ser candidato nas eleições de 2022.

Luiz Inácio Lula da Silva recuperou os direitos políticos depois de as condenações por corrupção contra ele terem sido anuladas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Lula sempre alegou inocência em todas as acusações.

De acordo com o ex-presidente, Bolsonaro deveria reunir-se com cientistas, médicos, governadores e ministros de Saúde para traçar um plano para derrotar a COVID-19".

Bolsonaro, mesmo que agora use máscara, "não leva a COVID-19 a sério", insistiu Lula. "Ele não acredita nas vacinas, gastou uma fortuna num medicamento chamado hidroxicloroquina, embora tenha sido demonstrado que não servia", completou, sem poupar críticas a Bolsonaro.

"Se tivesse um pouco de grandeza, ele deveria pedir perdão às famílias dos 300.000 mortos por COVID-19 e dos milhões de infetados", disse.

Esta semana, Lula obteve uma nova vitória quando a segunda turma do STF concluiu que o ex-juiz Sergio Moro, responsável pelos processos do ex-presidente, foi "parcial". "É nossa responsabilidade, como brasileiros, parar este homem e restaurar a democracia no país", declarou Lula.

O Brasil ultrapassou ontem, pela primeira vez na pandemia, os 100 mil casos de infeção (100.158) pelo novo coronavírus num único dia e somou 2.777 mortes nas últimas 24 horas, informou o executivo.

No total, o Brasil chegou aos 303.462 óbitos e 12.320.169 casos de infeção desde que o primeiro caso foi registado no país, há cerca de 13 meses, números que confirmam o país sul-americano como a nação com mais vítimas mortais e novos casos em 24 horas em todo o mundo, bem acima dos Estados Unidos e da Índia. 

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O recorde anterior de casos num só dia havia sido alcançado na última sexta-feira, quando o Brasil somou 90.570 diagnósticos positivos, num momento em que a população não tem cumprido medidas de isolamento social decretadas por governados e prefeitos.

Nos últimos dias, o Brasil tem atingido sucessivas marcas históricas, naquele que é o momento mais critico da doença do país, e que levou ao colapso de vários hospitais e à escassez de oxigénio e medicamentos.

O total de vítimas da covid-19 no país sul-americano, com 212 milhões de habitantes, pode ser ainda maior, tendo em conta a subnotificação e óbitos que ainda aguardam confirmação dos testes ao novo coronavírus.

Segundo o último boletim epidemiológico difundido pelo Ministério da Saúde, a taxa de incidência da doença em solo brasileiro subiu para 144 mortes e 5.863 casos por 100 mil habitantes.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.745.337 mortos no mundo, resultantes de mais de 124,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.