“A IATA não apoia a imposição de medidas de distanciamento social que deixariam os assentos do meio vazios”, defende em comunicado a associação internacional, que representa cerca de 290 companhias aéreas de 120 países e 82% do tráfego aéreo mundial.
Alertando para o impacto deste tipo de medidas na viabilidade económica das operações, aquando da sua retoma após o levantamento das medidas restritivas relacionadas com a pandemia de covid-19, a IATA argumenta que, “com menos lugares para vender, os custos unitários [cobrados a cada passageiro] aumentariam drasticamente”.
E, segundo as contas da associação internacional, para poder cobrir os custos das operações e torná-las viáveis, as tarifas cobradas por lugar na Europa poderiam mesmo subir 49%, passando de um valor médio de 135 dólares (124 euros) para 201 dólares (184 euros).
De acordo com a IATA, para estas contas foi considerado um fator de ponderação de 79%, que contrabalança com taxas de ocupação mais baixas do que o habitual, dadas as grandes dificuldades financeiras das companhias aéreas resultantes da crise gerada pela covid-19.
Numa altura em que a Comissão Europeia se prepara para divulgar recomendações sobre a retoma das ligações aéreas, a IATA manifesta a sua oposição a estas medidas de distanciamento social a bordo, frisando desde logo que “as evidências sugerem que o risco de transmissão a bordo das aeronaves é baixo”.
Para esta entidade, é necessário antes assegurar que, temporariamente, tanto os passageiros como a tripulação das companhias aéreas utilizam equipamentos de proteção como máscaras faciais.
“O uso de máscaras por parte passageiros e tripulação reduzirá o já baixo risco, ao mesmo tempo em que evitará o aumento dramático dos custos das viagens aéreas que as medidas de distanciamento social a bordo trariam”, argumenta a IATA.
De acordo com a associação internacional, mesmo que os países instituíssem temporariamente a medida de deixar o lugar do meio livre, “não era possível assegurar a separação recomendada para que o distanciamento social seja eficaz”, uma vez que “a maioria das autoridades recomenda um a dois metros e a largura média dos assentos é inferior a 50 centímetros”.
Além das máscaras, a IATA recomenda que as transportadores meçam a temperatura de passageiros e trabalhadores, adotem processos de embarque e desembarque com menos contacto, limitem os movimentos dentro das aeronaves durante os voos, façam limpezas mais frequentes e profundas dos aviões e ainda simplifiquem os serviços de alimentação.
Esta posição do setor é semelhante à já manifestada pela Comissão Europeia.
Numa entrevista à agência Lusa publicada no passado domingo, a comissária europeia dos Transportes, Adina Vălean, recomendou que, quando os voos forem retomados, os passageiros utilizem equipamentos de proteção como máscaras, considerando esta medida “o mínimo que se pode fazer”.
Já questionada pela Lusa sobre a eventual colocação de assentos vazios entre passageiros para garantir o distanciamento social, Adina Vălean afastou esta medida como regra.
“Não recomendo, como norma, manter espaços livres [entre passageiros]”, disse.
Posição diferente manifestou o Governo português que, numa portaria publicada em Diário da República no passado fim de semana, determinou que o transporte aéreo de passageiros deve ser limitado a dois terços da lotação normalmente prevista para cada aeronave.
Entretanto, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, já veio assegurar que Portugal vai adaptar-se às regras europeias no restabelecimento das ligações aéreas entre os países.
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