Esta liberdade chega num bom momento para o primeiro-ministro Boris Johnson, mais do que nunca enfraquecido à frente do governo pelo escândalo das festas em Downing Street que violaram as regras anticovid.
Ele comemorou no Twitter a nova etapa, alertando, porém, que "a pandemia não acabou": "Todos devem permanecer cuidadosos, e peço a todos aqueles que ainda não receberam a vacina que se manifestem".
Depois de retirar, há uma semana, a recomendação de trabalhar em casa, a Inglaterra livra-se agora de outras restrições - entre as mais leves da Europa - introduzidas em dezembro diante da onda de casos da ómicron: obrigação de usar máscara em ambientes fechados ou locais públicos e passaporte de vacinação para eventos com grande público.
O governo também anunciou que os moradores das casas de repouso - 86,5% dos quais receberam a dose de reforço da vacina - poderão receber um número ilimitado de visitantes a partir de segunda-feira. Se testarem positivo para coronavírus, terão que se isolar por menos tempo.
O presidente da Câmara Municipal de Londres, Sadiq Khan, anunciou que continuará a ser obrigatório o uso de máscara nos transportes públicos da capital. Algumas cadeias de supermercados como Sainsbury's, Waitrose ou Morrisons também pedem aos seus clientes que sigam a medida.
"Parece que estamos de volta a Londres como antes", comemorava Elizabeth Hynes, de 71 anos, entrevistada pela AFP no centro da capital britânica. "É agora que nos damos conta do quanto sentíamos falta do teatro e dos espetáculos". "As coisas precisam de voltar ao normal", acrescenta.
Fim do isolamento
Lewis Colbyn, bartender de 39 anos que já teve COVID-19 e não está preocupado em apanhá-la novamente, aborda a nova fase com otimismo e cautela: "Pode ser cedo demais, pode ser tarde demais, eu não sei".
Ele continuará a usar máscara nos transportes e lojas.
Mais relutante do que o resto do Reino Unido (Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) em implementar restrições, a Inglaterra suspendeu quase totalmente as restrições em 19 de julho do ano passado. Mas o surgimento da ómicron, ainda mais contagiosa que a delta, levou o governo de Boris Johnson a lançar o seu “plano B”.
As medidas visavam fortalecer a proteção da população com uma campanha de vacinação de reforço e continuar a tentar convencer os hesitantes a serem vacinados. Foram assim administradas 37 milhões de doses de reforço, permitindo, segundo o governo, reduzir os casos graves e internamentos e diminuir a pressão sobre o sistema de saúde.
De acordo com os números mais recentes, 64% da população com mais de 12 anos recebeu uma terceira dose. À medida que o número de casos explodiu durante as festas de fim de ano, Boris Johnson resistiu aos pedidos para endurecer ainda mais as restrições em vigor.
Ele acredita que os fatos provaram que estava certo: os hospitais resistiram, o número de pacientes com ventilador não disparou e os casos caíram consideravelmente. No entanto, o Reino Unido, entre os países mais atingidos pela pandemia, com quase 155.000 mortes, ainda regista quase 100.000 novos casos diariamente.
De acordo com um estudo publicado pelo Imperial College London, o nível de infeção continua alto, principalmente entre crianças e adolescentes. Dos 3.500 participantes deste grande estudo que testaram positivo entre 5 e 20 de janeiro, dois terços já tinham contraído o vírus.
O primeiro-ministro espera poder suspender em março a obrigação de se isolar em caso de teste positivo, “assim como não há obrigação legal para as pessoas que estão gripadas se isolarem”.
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