"Chegou ao conhecimento do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) que os doentes queimados e em idade pediátrica, no Hospital de Dona Estefânia, são habitualmente internados em dois quartos ao fundo da enfermaria de Cirurgia Pediátrica, Serviço 3.1., sem condições de isolamento. O espaço atribuído a estes doentes não cumpre as Recomendações Técnicas para Unidades de Queimados (RT 13 2019), segundo a ACSS, e o tratamento prestado não é condigno deste tipo de doente, pela sua complexidade e risco, nomeadamente infeccioso", informa o SIM em comunicado.

"Os problemas são vários, destacando-se a inexistência de controlo térmico do ambiente adequado dos quartos de internamento; a falta de condições rigorosas de assepsia; a inexistência de uma banheira adequada para balneoterapia e que também permita realização de balneoterapia sob sedação; a impossibilidade da realização de pensos sob sedação, pelo que estes doentes são frequentemente deslocados ao bloco operatório, ocupando a sala operatória da urgência", indica a nota.

"Seria igualmente importante que pudesse existir uma sala de atividades, dada a faixa etária dos doentes internados e que também serviria para a realização de terapia ocupacional / fisioterapia em ambiente seguro, entre outros", sugere.

"No contexto da pandemia COVID-19 em 2020, ocorreu o culminar da degradação dos cuidados aos doentes queimados internados, que se está a repetir novamente desde dezembro de 2021, à medida que surge maior número de casos de doentes cirúrgicos infetados. Durante este período, os doentes queimados foram deslocados para o Serviço 3.2. - Ortopedia, onde permanecem preferencialmente em quartos localizados no fundo da enfermaria, mas, por vezes, intercalados com outros doentes internados e com patologias diferentes, nomeadamente infecciosa. Este serviço apresenta características de espaço e de pessoal que são ainda mais deficitárias para o tratamento do doente queimado, relativamente às existentes no Serviço 3.1", refere a nota.

"A situação perdura há muitos anos resultando de um subfinanciamento crónico do SNS e é essencial que possa ser ultrapassada o mais rapidamente possível, mesmo tendo presente o anúncio de há décadas, da construção do Hospital de Lisboa Central, que mesmo depois de aprovado demorará anos a estar operacional", acrescenta.

"O SIM exorta que sejam criadas as condições necessárias para esta unidade de queimados, que as nossas crianças merecem", diz.

"O subfinanciamento crónico do SNS e o anúncio do novo Hospital de Todos os Santos em Lisboa não podem permitir a persistência de uma situação indigna para crianças em particular perigo de vida. É fundamental que o Ministério da Saúde invista também nesta área", conclui a nota.