Será que as fotografias que publica nas redes sociais correspondem à imagem que quer mostrar? Postar autorretratos, em redes sociais como o Instagram ou o Facebook, começou por ser uma moda mas já se tornou num gesto diário para muitos de nós. Resta saber se a imagem online corresponde à que pretendemos transmitir. Um grupo de investigadores na área da psicologia dos media da Universidade de Ilmenau, na Alemanha, tem sérias dúvidas.
Os cientistas estudaram a questão e concluíram que, apesar do potencial desta tecnologia, as fotos publicadas nas redes sociais fazem um retrato demasiado estereotipado de homens e mulheres. No estudo, publicado no jornal especializado Computers and Human Behavior, a equipa analisou uma amostra aleatória de 500 selfies de homens e mulheres, publicadas no Instagram, avaliando o seu conteúdo com base nos critérios de genéro de autores como Goffman e Kang.
Além de identificar pormenores nas poses como, por exemplo, um olhar evasivo, a opção pela posição deitada ou ainda o uso de pouco vestuário, consideraram ainda outros aspetos comuns nas redes sociais, como exibir os músculos ou colocar fotografias sem rosto. E a que conclusão é que chegaram? As selfies não veiculam, apenas, uma imagem convencional, quer masculina quer feminina.
A par disso, defendem, o estereótipo é ainda mais acentuado do que o que encontramos nas imagens publicitárias em revistas, acabando depois por afetar toda a vida social dos adeptos dos autorretratos digitais. Numa tentativa de acabar com os rótulos, os investigadores apontam três conselhos para uma vida à prova de estereótipos. Porque a felicidade é unissexo!
Estas são as regras que investigadores internacionais e especialistas nacionais convidam a adotar no dia a dia para combater o proconceito:
1. Promova o diálogo
Pare de pensar que não é compreendido. «Se está com dificuldades em comunicar com o seu parceiro, com um familiar ou com um colega de trabalho do sexo masculino, não culpe as diferenças inatas em homens e mulheres. O problema está na comunicação entre ambos», refere Lise Eliot, neurocientista.
«Todas as relações requerem esforço, algumas mais do que outras, mas devemos tentar manter uma mente aberta e encarar cada pessoa como um indivíduo e não um estereótipo de género», realça a especialista.
2. Aprenda a gerir emoções
Concentre-se no outro. «Homens e mulheres, crianças e adultos, têm emoções e comportamentos que traduzem necessidades psicológicas logo, é na relação connosco e com os outros que vale a pena colocar o foco», defende Filipa Jardim da Silva, psicóloga clínica.
«Se olharmos para a pessoa que temos à frente com curiosidade, compreensão e respeito, ao invés de a encaixarmos de imediato numa categoria ou de a reduzirmos a uma ideia preconcebida, será mais fácil compreendermo-nos melhor a nós mesmos e a os outros», assegura a especialista.
3. Seja autêntico
Procure o inesperado. «O contexto cultural/social espera comportamentos distintos, o que promove a continuidade de certas diferenças (é expetável que uma mulher se perca a caminho de uma conferência, mas tal não é permitido a um homem)», alerta Filipa Jardim da Silva. «Lide com os outros e consigo segundo o seu mosaico único (combinação de características de género e cérebro) e não de acordo com os seus órgãos sexuais», recomenda Daphna Joel, neurocientista.
Texto: Manuela Vasconcelos
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