Segundo a Quercus, o mundo gera anualmente 2,01 mil milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. Os resíduos gerados por pessoa têm hoje uma média de 0,74kg, mas as diferenças entre as regiões são grandes.
“Em Portugal gerámos, em 2019, cerca de 1,4kg de resíduos por pessoa por dia, ligeiramente acima da média europeia. Pior que a Europa neste ‘ranking’ só a América do Norte, com uma produção de mais de 2kg, em média, por pessoa”, refere a organização em comunicado emitido por ocasião do Dia Internacional da Reciclagem.
A Quercus considera que se vive um momento de “emergência do lixo” e que a situação pandémica de covid-19 veio agravar um cenário já de si complicado.
“É urgente antecipar cenários e estimular novas estratégias para motivar os portugueses a separar mais e melhor” o lixo, defende.
“Se continuamos neste ritmo de consumir e deitar fora, onde os principais destinos dos resíduos em Portugal são a deposição ou a incineração, as metas vão continuar a não ser cumpridas, em breve esgotamos os aterros e estaremos cada vez mais preocupados a fazer contas para controlar as emissões de GEE (Gases com Efeitos de Estufa) provenientes da deposição ou queima do lixo”, lê-se no documento.
De acordo com a Quercus, será necessária uma área de aterro equivalente a cerca de 10 campos de futebol, por ano, para encaminhar todos os resíduos que são depositados: “Portugal dispõe atualmente de 33 aterros. Estes têm de momento uma capacidade de sete anos”.
A organização sublinha que a meta europeia adotada por Portugal previa uma redução em 10% na produção até 2020 para dizer que o que se alcançou foi “perto de nada”.
“As metas de reciclagem não foram, na sua generalidade, cumpridas e a acumulação de resíduos urbanos em aterro é muito elevada, representando cerca de 57% do total de lixo produzido”, denuncia.
A Quercus considera que em Portugal continental a reciclagem de resíduos de embalagem é “insatisfatória”, nas redes de tratamento e gestão, e “mediana” nos serviços de recolha: “Cerca de 9% dos resíduos de embalagens recolhidos para reciclagem não foram reciclados, o que sugere que uma parte destes não está a ser bem separada”.
No caso dos REE (resíduos elétricos e eletrónicos), o consumo é crescente e “é frequente o desvio destes resíduos para circuitos paralelos”, o que “ainda dificulta mais” o alcance das metas. “Das cerca de 100 mil toneladas de REEE potencialmente gerados em 2019, estima-se que 77% não foram recolhidos e tratados pelo circuito implementado pelas entidades gestoras”, afirma a associação.
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