A globalização aproximou o mundo mas não acabou com as discrepâncias. Muito pelo contrário! De acordo com o Bloomberg Global City Breakfast Index 2017, o tempo que os diferentes povos têm de trabalhar para conseguir pagar o pequeno-almoço está longe de ser igual ou sequer aproximado. Em Abu Dhabi, em Osaka e em Zurique, não chega a cinco minutos. Em Caracas, na Venezuela, são precisas quase nove horas.
Em Portugal, onde a primeira refeição do dia consome entre 1,8% e 2,7% do rendimento diário, são necessários cerca de oito minutos. Nos países mais ocidentais da Europa, a percentagem média situa-se nos 1,7%. Os habitantes de Acra, no Gana, demoram quase uma hora para conseguir o dinheiro suficiente para adquirir um copo de leite, um ovo, duas tostas e uma peça de fruta.
Como foram feitas as contas
As contas foram elaboradas com base neste cabaz comum, que custa cerca entre 0,66 € no leste da Europa e no centro da Ásia e 1,62 € nos EUA, uma diferença substancial. «Nas economias mais ricas, o custo do pequeno-almoço não é problema mas, nos países mais pobres, os preços proibitivos estão na origem de problemas de subnutrição e de tumultos», sublinham os analistas da Bloomberg.
«Foram mais de uma dúzia no Médio Oriente e no norte de África em 2010 e 2011», acrescentam ainda. Para elaborar o ranking, foram analisados os preços de 129 centros financeiros globais e regionais, usando o Numbeo.com, uma base de dados online que reúne informações e estatísticas dos diferentes países. Depois de feitas as contas a este pequeno-almoço, os resultados não deixam margem para dúvidas.
As maiores divergências
Em Genebra e em Zurique, na Suíça, o preço da primeira refeição do dia corresponde a 1% do rendimento diário. Em Kiev, na Ucrânia, essa percentagem atinge os 6%, o valor mais alto registado na Europa. Na Ásia, a diferença de percentagens oscila entre o 1% de Osaka no Japão e os 12% de Hanói no Vietname. A disparidade é ainda maior na América Latina. Em Monterrey, no México, o pequeno-almoço corresponde a 2,4% dos ganhos do dia.
Em Caracas, na Venezuela, o valor avançado atinge os 111%. As diferenças de valores também têm a ver com políticas de regulação diferentes e com a atribuição de subsídios que se refletem nos preços. Em termos globais, no Cairo, no Egito, é onde se come mais barato, cerca de 0,33 €. Em contrapartida em Hamilton, no arquipélago das ilhas Bermudas, é onde se tem de desembolsar mais. 3,31 € pela mesma refeição!
Texto: Luis Batista Gonçalves
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