Poesia dos Céus – breves notas sobre Saturno a entrar Directo em Peixes, dia 4 Nov 2023

Saturno entra directo este 4 Nov 2023, aos zero graus de Peixes (só regressa a este ponto em 2052!).
Esteve neste mesmo grau, em 1964/65 e 1994/95 - só para ir dois ciclos atrás e ver, caso estivesse já na Terra, o que estava a acontecer na sua vida; sobretudo na área do seu mapa onde tem Peixes.

O Alfa (zero) e o Omega (Peixes); como o símbolo místico do Ourobouros, a serpente ou dragão que come a própria cauda; os ciclos contidos na eternidade, que no plano terreno são de destruição e renovação.
Estamos, pois, em transição intensa de ciclos individuais (na parte do seu mapa onde tem Peixes) e colectivos.
Um re-começo - desde Março de 2023, quando ele esteve ao grau zero pela primeira vez: veja o que ficou por avançar, concretizar, dar expressão nessa altura.
Agora, é retomar a marcha, mas iluminado por TODO o percurso que fez, por tudo o que aprendeu neste arco de 6 meses.
Agora, já com o “entulho” resultante da desconstrução enquanto ele retrogradava, limpo do cenário.
Agora, com maior consciência de quem é, do seu valor, do que precisa de abraçar na sua vida para expandir a sua autenticidade.
Saturno em Peixes não é simples… eu tenho-o de nascença e como me disse um dia o amado Alan Oken, é como “tentar edificar um prédio sobre as águas”. Bom, mas há estruturas palafíticas que duram imenso, e até mesmo muita gente vive em barcos, regida pelas marés e luas.
Ajustando as suas estruturas materiais, ao poder deste elemento que representa o imaterial, o inconsciente colectivo, o transcendente, o Mistério sobre o qual nada pode ser dito. É então provável que nestes 2 anos e meio, sensivelmente, este inconsciente colectivo esteja muitíssimo movido – atravessar o caos para encontrar uma nova ordem. Que primeiro tem que ser interna, para que o Plutão em Aquário conduza as imensas multidões na direção mais consciente e lúcida.
Mas Saturno em Peixes também pode denunciar as doenças mentais, o caos psíquico, a pandemia de vícios que são atalhos trágicos para a nossa sede de alma, espírito, transcendência, exactamente.
E de todo não é o seu forte, neste signo, estruturar o que ele representa: desde governos a regras institucionais, autoridades a fronteiras, hierarquias, tradições normas e organizações.
Uma das defesas para esta dificuldade, pode passar por uma tentativa de maior controlo, ordem, burocracia e limites (passar para o pólo oposto Virginiano).
Mas a lição de Saturno aqui, em Peixes, não é a da estrutura rígida, mas sim a do respeito pelo fluxo da vida, pelo movimento que é o fio condutor da existência individual e colectiva.
Que nos ajuda a compreender que o que julgávamos que perdemos, as estruturas que criámos e que despareceram, o que construímos e já não temos, fez parte da experiência/aprendizagem, e que a última realidade não é a estruturada, organizada, materializada, mas a invisível, sempre presente, conduzindo pelo espaço-tempo a Roda da Vida. E a criatividade humana resulta também profundamente da transformação que vem com a perda, não só com o que ganhamos.
Saturno é a premência do Tempo, a sabedoria que esse Tempo gera, quando estamos disponíveis para aprender com os ciclos, com os testes, com as lições.

Uma das sombras deste posicionamento, é a culpabilização de bodes expiatórios. Pode ser que algum tipo de “caça às bruxas” aconteça no cenário colectivo:
“de quem foi a culpa disto”?
“imolem-se os culpados”!
Junto ao facto de Peixes ser um arquétipo do apocalipse – e com Plutão, o senhor que traz do sub-mundo, coisas ocultas, a entrar em Aquário, o signo das revoluções, e Neptuno a terminar o seu ciclo também em Peixes, pode haver uma tonalidade do fim de algo, individualmente onde temos Peixes no mapa astral, ou no consciente colectivo.
E como em todos os momentos de idiossincrasias apocalípticas as vias de salvação abundam, sejam religiosas, políticas, geopolíticas, financeiras, etc.
Mas não haverá atalhos, saídas simples, até 2025/26, quando Saturno se junta a Neptuno nos zero graus de Carneiro, dando seguimento ao movimento que tenta ser gerado até lá.
Pela consciência individual, onde cada pessoa - neste mundo caído do paraíso original, e por isso mesmo, condenado mitologicamente, às dores Saturninas da existência – pega no seu próprio Saturno, e recomeça, outra vez.
Pegue no seu instrumento de eleição, pegue nos seus dons, pegue nos seus desígnios, e volte a tentar!
Pegue outra vez na sua arte, na sua vocação, no seu propósito e trabalhe, dê-lhe forte como Saturno demanda, e a sua vida requer.
Muitas bênçãos para este trânsito!
Heil and welcome Master Saturn.
Bless us all.

Com amor,
Vera Faria Leal
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