Stonehenge é sinónimo de celebrações do solstício de verão no Hemisfério Norte, que acontecem no domingo, 21 de junho de 2020. É o dia mais longo do ano naquela parte do mundo.

Multidões reúnem-se para ver o sol nascer por trás da famosa Heel Stone. Dia de grande importância sobretudo entre as comunidades druida e pagã, o solstício de Stonehenge será transmitido este ano digitalmente pela primeira vez na história.

A English Heritage, responsável pelo sítio arqueológico de Stonehenge, vai transmitir ao vivo o nascer do sol nas suas redes sociais a 21 de junho. O que dará a oportunidade  a milhões de pessoas de presenciar esta visão incrível.

Com uma história que se estende por quase cinco milénios, o antigo local místico fica nas proximidades de Avebury, no sudoeste de Inglaterra. Toda a área, com mais de com mais de 2,5 mil hectares, faz parte do Património Mundial da UNESCO de Avebury e Stonehenge. Além de serem uma maravilha do mundo e uma obra-prima da engenharia, os monumentos pré-históricos têm um grande significado espiritual e cultural.

Já que as evidências de como foi a construção ou como as pedras foram levadas até lá são bastante limitadas, o local estimulou várias teorias altamente criativas. Entre elas estão a presença de alienígenas e gigantes envolvidos na sua construção, o uso como cemitério, como local de música e até mesmo o resultado de um antigo exercício de formação de equipas. Enfim, Stonehenge tem um passado cheio de mistérios. A seguir, vamos voltar no tempo e explorar a história de um dos marcos mais conhecidos da Grã-Bretanha.

Investigando a história

Muito ainda precisa de ser descoberto, mas o que sabemos com toda certeza é que a construção de Stonehenge não ocorreu de uma só vez. A primeira estrutura a ser construída no local, há cerca de 5.000 anos, foi um monumento antigo conhecido como henge, um recinto circular escavado na terra. O círculo de pedras foi adicionado durante o período neolítico tardio (estimado em cerca de 2.500 a.C.). Sem dúvida, foi um empreendimento gigantesco que envolveu centenas de pessoas usando apenas ferramentas primitivas.

As pedras maiores do tipo sarsen (um dos dois tipos usados para o monumento) foram dispostas em duas formações paralelas para formar uma ferradura e um círculo externo. Estas pesam em média 25 toneladas e os cientistas acreditam que se originaram em pedreiras a cerca de 32 quilómetros ao norte do local. As menores, as “pedras azuis”, foram erguidas entre os dois conjuntos de sarsens para criar um arco duplo. As suas raízes estão em Preseli Hills, no sudoeste do País de Gales, a mais de 300 quilómetros de Stonehenge.

Assim como na origem do monumento em si, existem várias teorias sobre como as pedras chegaram à região. Alguns sugerem que os construtores neolíticos usaram trenós e troncos de árvores para formar rolos, ou que as pedras vieram a flutuar num tipo de barco ao longo da costa galesa e depois subiram o rio Avon, nas proximidades. Outros cientistas defenderam a ideia de que as enormes pedras se moveram juntamente com vastos blocos de gelo durante uma das Eras do Gelo. Para aqueles que sonham em explorar Stonehenge, é possível fazer uma tour virtual.

Stonehenge e Paganismo

O clérigo e antiquário inglês William Stukeley (1687-1765) ligou Stonehenge aos druidas - seguidores de uma tradição espiritual celta amplamente considerada semelhante ao paganismo moderno - no século 18, com uma teoria de que o local foi construído por eles como um templo. Embora não haja evidências de que os druidas estivessem vivos quando Stonehenge foi construído, o local continua a ter uma importância espiritual, em parte devido à forma como as pedras se alinham ao sol para os solstícios de verão e inverno.

O papel do sol

Com base em evidências arqueológicas, acredita-se que a Heel Stone (ou Pedra do Calcanhar) – uma formação fora do círculo principal – possa ter tido uma pedra parceira para enquadrar o nascer do sol no meio do verão. De um ponto de vista central dentro do círculo principal de pedras, é possível ver o sol nascer à esquerda da pedra restante.

Numerosos túmulos e outras descobertas arqueológicas da área circundante datam da Idade do Bronze (3.300 a 700 a.C.). Já um grande monte, a pouco mais de um quilómetro de Stonehenge, remonta à Idade do Ferro (1.200 a.C. a 1000 d.C.). Escavações arqueológicas posteriores também encontraram numerosos objetos romanos na região, sugerindo que o local teve grande importância em rituais na Grã-Bretanha romana.

Para astrónomos iniciantes que desejam ver mais, a English Heritage também criou o Skyscape, uma experiência imersiva detalhando os céus acima do icónico círculo de pedras.

Casas neolíticas recriadas

Cinco casas neolíticas recriadas, completas com artefactos de réplica semelhantes às recuperadas de escavações no vizinho Durrington Walls, ajudam a mostrar como era a vida das pessoas na região na época da construção de Stonehenge. Mesmo nos dias de hoje – e virtualmente a partir da sua própria casa –, é fácil imaginar como eles viviam apenas olhando as cabanas circulares, construídas com giz calcário e pau a pique e cobertas com telhados de palha.

Principais locais na área circundante

Toda a paisagem em redor de Stonehenge é rica em arqueologia, com mais de 350 monumentos antigos e túmulos descobertos até hoje. Os itens recuperados incluem pontas de flechas, machados de batalha, paletas de chifres e martelos de pederneira, com cada peça e cada sítio arqueológico desempenhando um papel fundamental na compreensão da vida na Grã-Bretanha do Neolítico e da Idade do Bronze. Os destaques da coleção de artefactos de Stonehenge podem ser vistos no site da English Heritage.

Stonehenge Avenue

Ligando o rio Avon a Stonehenge e medindo pouco menos de três quilómetros através da planície de Salisbury, a Stonehenge Avenue forma o que pode ter sido uma rota de procissão para o círculo de pedras. Descoberta no século 18, é formada por duas margens equidistantes a nordeste de Stonehenge ao longo de cerca de 550 metros. Depois desse trecho, muda de direção várias vezes na sua rota para o rio.

Avebury

Parte de um extenso conjunto de locais cerimoniais da Idade do Bronze e do Neolítico (e fazendo parte do Património Mundial da UNESCO), Avebury é o local do maior círculo de pedras da Grã-Bretanha. Construído durante o período neolítico, entre 2850 e 2200 a.C., o local inclui um vasto conjunto de terraplenagem e uma seção da vila de Avebury.

Cerca de 100 pedras formam o maior dos círculos, com mais dois anéis encontrados dentro dele. O arqueólogo Alexander Keiller (1885-1955) escavou o local na década de 1930 e várias das principais descobertas podem ser encontradas dentro do museu no local com o mesmo nome.

Mais recentemente, arqueólogos que trabalham em Avebury descobriram evidências de um monumento megálito quadrado subterrâneo dentro dos limites do círculo de pedras, mas o seu objetivo exato ainda não foi determinado.

Woodhenge

Outro sítio perto de Stonehenge, Woodhenge, data de cerca de 2.300 aC. A fotografia aérea provou que o local possuía uma série de postes de madeira que formavam seis círculos concêntricos, o que pode ter originalmente sustentado um edifício em forma de anel. Essa construção pode ter sido um cemitério neolítico.

Marcadores de cimento agora mostram onde esses postes foram posicionados no passado. As evidências arqueológicas sugerem que o local permaneceu em uso até cerca de 1800 a.C. Evidências posteriores da Idade do Ferro e dos assentamentos romanos na região mostram que o local também pode ter tido importância defensiva.

Silbury Hill

Parte do Património Mundial de Avebury e formando o maior monte artificial da Europa, Silbury Hill é comparado em altura e magnitude às pirâmides do Egito!

O local neolítico, desenvolvido entre 2470 e 2350 a.C., não deixou sinais de que foi um local de enterros, portanto, o seu uso e significado permanecem um mistério.

Os números associados são impressionantes: medindo aproximadamente 160 metros de diâmetro e 30 metros de altura, deve ter consumido quatro milhões de horas de trabalho e meio milhão de toneladas de giz e argila!