"João Baião vê os seus espetáculos barrados em algumas salas. Demasiado populares, dizem. Demasiado ligeiros. Demasiado acessíveis." Foi com estas palavras que Pedro Chagas Freitas começou a publicação que fez na sua página de Instagram a comentar a partilha do apresentador.

João Baião esteve à conversa com Pedro Teixeira da Mota e contou que já teve negas de teatro às suas peças.

"Como se a alegria fosse um defeito, como se o riso espontâneo fosse uma ameaça à integridade intelectual de um país que se leva demasiado a sério. Como se entreter as massas fosse um crime de lesa-cultura. Os pseudo-intelectuais assumiram-se como os novos sacerdotes", comentou depois o escritor.

"Não pregam numa igreja, mas julgam ter o direito de decidir o que é bom, o que é mau, o que merece existir, o que deve ser erradicado. Autoproclamam-se guardiões da cultura. São apenas fiscais do pensamento alheio, programadores de um mundo onde só há um caminho certo: o deles. Eles decidem. Quem pode atuar. O que se pode ler. O que se pode sentir. O fascismo cultural não precisa de proibir; basta ridicularizar, condenar socialmente, tornar impossível qualquer voz que ouse desafiar o consenso", acrescentou.

"São os arquitetos de uma normalidade empobrecida. É um asco. Uma infantilização coletiva, uma castração do espírito crítico. Há esperança. Há sempre quem resista. Há quem continue a pensar por si, a ler o que quiser, a rir do que já decretaram inaceitável. Ainda bem: não há nada mais humano do que a insubmissão", rematou.