A fadista abrantina Dora Maria criticou, nas redes sociais, a ausência de muitos dos artistas que trabalharam com Tozé Martinho no funeral do ator e guionista. "Merecias muito mais! E não falo apenas das poucas pessoas que foram hoje [ontem] dizer-te um último adeus. As televisões bem foram até lá na esperança de filmar gente famosa, mas haviam muitos mais zés ninguéns, como eu, mas que te estimavam verdadeiramente", lamentou depois numa publicação emotiva.

"Deste a mão profissionalmente e generosamente a tanta gente e, depois, no dia em que ficaste fragilizado e debilitado por um maldito AVC, esqueceram-se de ti", criticou a intérprete de "A vida vai". "Fizeram-te o funeral nesse dia sem lutos ou tristezas! Só nos interessam as pessoas quando nos são úteis. Infelizmente, é assim", condenou a fadista ribatejana, que chegou a convidar Tozé Martinho para apresentar algumas das galas de fado que regularmente organiza.

Uma das que reagiram à publicação foi Ana Paula Bandeira, filha de Paco Bandeira. "Agora, todos foram amigos. Todos o homenageiam e todos lamentam a sua morte! Somos um país de gente que esquece muito facilmente os seus artistas. Mesmo entre eles, impera a lei do vou-me safando e os outros que se lixem! Digo isto com mágoa, sim, pois sou filha de um artista que foi abandonado, apedrejado em praça pública e votado ao esquecimento", desabafou horas depois.

"Isto dói para caramba", lamentou ainda Ana Paula Bandeira no perfil pessoal da fadista Dora Maria, que em abril de 2019 publicou uma fotografia com o cantor e compositor alentejano, nascido em Elvas, em 1945, no Facebook. Paco Bandeira, que soma mais de 40 anos de carreira, tinha 14 anos quando se estreou como guitarrista e vocalista do grupo Cuban Boys. Na década de 1980, fez sucesso com canções como "Minha quinta sinfonia" e "A ternura dos quarenta".

No início de 2012, foi acusado pelo Ministério Público e, em meados desse ano, condenado a uma pena de três anos e quatro meses de pena suspensa por violência doméstica e detenção de arma proibida. Além de 3.000 € de indemnização à ex-mulher, Maria Roseta, teve de pagar uma coima de 400 € por posse de um revólver sem licença. No início de 2019, no programa "Você na TV!" na TVI, Paco Bandeira defendeu-se publicamente. "Eu fui uma vítima", garantiu.