Teimamos em acreditar que ter raiva é feio e fazemos os possíveis para ignorá-la e escondê-la. Mas, sempre que o fazemos apenas nos limitamos a acumular dentro de nós tudo aquilo que devíamos ser capazes de expressar e de libertar para nos tornarmos mais leves e de bem connosco próprios.

A verdade é que sempre que vivenciamos uma injustiça, vamos experienciar raiva como uma forma de nos alertar para essa injustiça e, nessas circunstâncias, temos - naturalmente - o instinto de atacar.

No entanto, sabemos que não devemos atacar e aquilo que fazemos em vez de encontrarmos uma forma adaptada de expressar e libertar a nossa raiva, é acabar por contê-la.

Mais angústia e impulsividade

Sempre que contemos a raiva, contribuímos para o aumento da nossa angústia e da nossa impulsividade. A raiva contida vai sempre ter de se expressar seja no momento certo ou, mais tarde, sob a forma de expulsão, ou até sob a forma do adoecer físico.

Por isso, se queremos respeitar as nossas emoções, é essencial aceitarmos que podemos sentir raiva. Sentir raiva é saudável e é um sinal que o nosso corpo está em equilíbrio.

Assim, a fórmula será: permita-se a sentir raiva, sempre que vivencia uma injustiça! E, permita-se a expressar essa raiva sempre que a sente - expresse seja através da palavra, mostrando aos outros o que está a sentir, seja através do exercício físico ou até através da arte, por exemplo.

Liberte-se

O mais importante é que de forma clara e consciente nos permitamos a libertarmo-nos da nossa raiva, dando espaço para que ela saia de dentro de nós.

Depois de se libertar da sua raiva, permita-se a dar-lhe um significado, isto é, a perceber porque motivo a situação ou a pessoa em questão o fez sentir essa injustiça?

Há alguma coisa que possa fazer ou reforçar internamente para que, numa próxima circunstância, não sinta a situação/pessoa da mesma forma?

No fundo, é essencial pensarmos de forma consciente, pensar quais os principais contornos dessa raiva, de forma a minimizarmos o impacto de situações futuras e garantirmos que a raiva saiu mesmo de dentro de nós.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.