À medida que vamos crescendo, vamos sendo encaixados no ‘puzzle’ da sociedade. Vão-nos indicando que há uma altura certa para estudar, para ter o primeiro emprego, para ter um carro, casar e ter uma casa.

É verdade que há um conjunto de passos que vão sendo dados por muitos de nós em idades-chave da nossa vida, de uma forma relativamente uniforme. Mas, é ainda mais verdade que ninguém deve precipitar nenhum desses passos apenas porque para os outros chegou a ‘altura certa’.

Não é verdade que estejamos todos preparados para casar na mesma altura ou que alguma vez estejamos preparados para tal. Sempre que, enquanto sociedade, continuamos a perpetuar estereótipos, estamos a anular a individualidade e a singularidade de cada um de nós. Não há datas certas iguais para todos.

Por outro lado, sempre que damos passos para corresponder ao que a sociedade espera, estamos a sabotar-nos e a anular o mais importante que cada um de nós tem: a nossa essência.

Ansiedade e insatisfação

Ao tentar corresponder aos padrões que esperam de nós, tendemos a sentirmo-nos permanentemente ansiosos e insatisfeitos. Isto acontece porque, por muito que tentemos corresponder, vai sempre haver mais e mais exigências externas às quais teremos de continuar desenfreadamente a corresponder - primeiro os estudos, depois o trabalho, depois os filhos.

Neste frenesim, a ansiedade aumenta e parece que nada é suficiente para quem está à nossa volta. Ao mesmo tempo, vamos ficando não só ansiosos como altamente insatisfeitos, porque estamos atrás daquilo que os outros esperam e não atrás daquilo que nós próprios queremos para a nossa vida o que, inevitavelmente, nos vai frustrar e fazer-nos questionar a nossa essência.

E este é um cenário vivido com muita frequência por muitos jovens adultos que, por um lado, se vêem confrontados com as exigências da sociedade e, por outro lado, se vêem confrontados com os seus apelos internos e percebem que não são compatíveis. É aqui nasce um conflito interno difícil de gerir.

Nestas circunstâncias, cada um de nós precisa de tomar consciência de que os degraus das nossas conquistas são para ser subidos por cada um de nós, de forma única, no nosso tempo e ao nosso ritmo.

Tudo chega no seu tempo e encaixa no puzzle da nossa vida, sem que precisemos de fazer um controlo fora do vulgar e sem que tenhamos de nos sentir à margem.

Neste contexto, é essencial que comecemos cada vez mais a ter a coragem de assumir quem somos, o que queremos viver e conquistar, mesmo que isso nos torne uma peça que não se encaixa no puzzle da sociedade.

Um artigo das psicólogas Cátia Lopo e Sara Almeida da Escola do Sentir.