«Muito relaxante». Foi assim que Marina Carvalho Abrantes, na altura com 30 anos, caracterizou o watsu, uma terapêutica que tinha experimentado dois anos antes, mais precisamente na véspera de um dia muito esperado, o do seu casamento. «Ofereceram-me uma prenda que continha, entre outras coisas, uma sessão, que decidi experimentar no dia antes do casamento, pois já sabia que tinha um excelente poder relaxante», conta.

O watsu «dá-nos tranquilidade e sensação de segurança únicas, apesar de, no início, a ideia de estar dentro de água nas mãos de outra pessoa ser um pouco intimidante», refere ainda. No entanto, Marina Carvalho Abrantes afirma que, depois da sessão começar, facilmente se consegue abstrair de tudo o que a rodeia. «A sensação não poderia ser melhor», confidenciava no final.

Alda Lopes, terapeuta certificada de watsu, não poderia estar mais de acordo com estas palavras. «Quem recebe uma sessão de watsu, experimenta uma grande flexibilidade e liberdade e é comum surgirem e serem libertadas uma grande quantidade de emoções», diz. «Isto ajuda o recetor a encarar a vida fora de água com uma maior tranquilidade e flexibilidade», acrescenta ainda.

Os princípios do zen shiatsu

Esta técnica de hidroterapia, ainda pouco conhecida em Portugal, apesar de já ter sido introduzida no nosso país por volta do ano 2000, foi criada por Harold Dull, na Califórnia em 1980. Esta terapia baseia-se na aplicação dos alongamentos e dos princípios do zen shiatsu enquanto as pessoas flutuam em água aquecida, uma temperatura de 34º C ou 35º C. «O watsu utiliza os alongamentos dos músculos, para aumentar a flexibilidade e a amplitude de movimentos», explica Alda Lopes.

«A água quente é utilizada como suporte contínuo para libertar a coluna, retirando o peso das vértebras e relaxando os músculos », refere a terapeuta, acrescentando que «o suporte dado pela água permite que a coluna se mova de maneiras que são impossíveis em terra». Um outro princípio do zen shiatsu é a conexão com a respiração, que no watsu ganha uma nova dimensão, como explica Alda Lopes. «Em terra, a respiração é coordenada com a inclinação sobre os pontos», esclarece.

«Na água, o nosso movimento básico é a dança da respiração, water breath dance em inglês, na qual nós nos limitamos a acompanhar a respiração profunda da pessoa que temos nos braços e incentivamos o corpo dessa pessoa a sentir a sua própria respiração. Isto cria uma conexão que pode ser levada a cada um dos alongamentos e a cada um dos movimentos», acrescenta a especialista.

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Quem (não) pode fazer

«Quem recebe uma sessão de watsu não deve preocupar-se com rigorosamente nada», sublinha Alda Lopes. Nem sequer precisa de saber nadar. As preocupações ficam para o terapeuta, que deve assegurar a segurança e a integridade física da pessoa que tem nos braços. «Não estamos ali para magoar ninguém, nem para deixar as pessoas com mais dores. Tendo em conta que a pessoa está o tempo todo nos braços do terapeuta, há uma entrega muito grande», refere.

Outros cuidados fundamentais passam «por não deixar a cara entrar na água e de proporcionar um constante apoio ao nível da coluna vertebral, para maior conforto e para evitar hiperextensões», remata Alda Lopes. O watsu apenas está vedado a quem padeça de «problemas de saúde que possam ser agravados pelo facto de se estar dentro de água quente, nomeadamente, perfuração dos tímpanos, infeções graves ou que possam ser transmissíveis na água», refere.

A lista de contraindicações inclui ainda «patologias vasculares ou renais graves (principalmente se não estiverem controladas), epilepsia não controlada e febre acima dos 38º C», explica Alda Lopes. Casos de intolerância a produtos químicos usados nas piscinas, feridas abertas, incontinência fecal e urinária, pós-operatórios, entre outros, também podem limitar a prática do watsu.

Texto: Rita Caetano com Alda Lopes (terapeuta certificada de watsu)