Para os médicos da SPC, a abstinência total do hábito de fumar é a única medida garantidamente eficaz para combater as doenças do coração. "A extensão da proibição de fumar em todos os locais públicos é uma medida de saúde pública indispensável e urgente que desincentiva fumadores ativos e defende os não fumadores do fumo passivo", defende o presidente da SPC, Victor Gil, em comunicado.

"Importa destacar que, apesar do cenário das doenças cardiovasculares em Portugal ser preocupante, tem vindo a melhorar progressivamente", admite na mesma nota. 

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De acordo com esta sociedade médica, os valores da doença isquémica do coração - enfarte e angina de peito - indicam que Portugal se encontra no grupo dos melhores países a nível europeu.

"Estes resultados são fruto de um trabalho continuado, de aposta na prevenção, diagnóstico e tratamento, com destaque para o modelo de resposta organizado na área do Enfarte Agudo do Miocárdio, a via verde coronária", refere Victor Gil, médico cardiologista.

Quais os fatores de risco destas doenças?

Quanto ao controlo dos fatores de risco do Enfarte Agudo do Miocárdio, há um enorme caminho ainda a percorrer, especialmente nos hábitos de exercício físico, controlo da diabetes e hipertensão, defende o especialista. "No caso do hábito de fumar, aproximamo-nos já do grupo dos melhores, existindo, no entanto, novos perigos à espreita. A luta contra o consumo do tabaco tem que persistir com tenacidade", indica o médico.

"Os dados indicam-nos que cerca de 25% da população portuguesa é fumadora e este é um fator de risco muito preocupante", comenta Victor Gil.

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"Acreditamos que ainda não existe evidência suficientemente robusta que suporte uma posição definitiva com base científica quanto ao tabaco vaporizado ou eletrónico, pelo que urge desenhar estudos com arquitetura sólida sob a orientação de entidades independentes que fundamentem posições definitivas", finaliza Victor Gil.

De onde vem a doença coronária?

A doença coronária resulta do depósito de gordura na parede das artérias coronárias (aterosclerose), provocando o seu estreitamento e limitando o fluxo de sangue que irriga o músculo cardíaco.

Desta forma, o músculo cardíaco não recebe oxigénio suficiente nem os nutrientes necessários ao seu funcionamento, podendo desencadear angina de peito ou um enfarte agudo do miocárdio.

A OCDE refere que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte nos estados membros da União Europeia, representando cerca de 36% das mortes na região em 2010. Elas abrangem um leque alargado de doenças relacionadas com o sistema circulatório, incluindo a Doença Isquémica Cardíaca e as Doenças Cérebro Vasculares.

As doenças cardiovasculares são também a principal causa de morte em Portugal. Em 2014, só o acidente vascular cerebral isquémico representou cerca de 20 mil episódios e 250 mil dias de internamento. Em termos de comparação com outros países europeus, verifica-se que a mortalidade por doença isquémica cardíaca situa-se abaixo da média europeia, ocupando a mortalidade por doença cerebrovascular posição inversa.