Em conferência de imprensa em Lisboa, André Ventura disse que o partido endereçou esta manhã uma carta à Presidência da República e que também enviou “uma mensagem” a Marcelo Rebelo de Sousa.

O líder do Chega referiu a greve nacional de três dias dos médicos do setor público e indicou que também enfermeiros e farmacêuticos “estão agora num processo de luta que há esta a ter impacto em todo o país”.

Apontando que dentro de uma semana começa a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na região de Lisboa, na qual são esperadas um milhão de pessoas, afirmou que “há vários setores da saúde que preparam greves” durante esse período e criticou a postura do ministro Manuel Pizarro, considerando que “mais não faz do que continuar rondas negociais intermináveis que já vêm desde 2022 e não chegam a nenhuma solução”.

André Ventura apontou uma “falta gritante de meios, falta de articulação nos vários setores e subsetores e uma incapacidade crónica de ter recursos humanos disponíveis para responder aos meses mais difíceis” e considerou que essa visão “contrasta brutalmente” com o discurso do ministro da Saúde durante o debate sobre o Estado da Nação, que deu “uma falsa sensação de segurança”.

O deputado pediu ao Governo “uma resposta rápida a estes problemas” e apelou ao Presidente da República que “tenha a capacidade, a firmeza e a autoridade de chamar este Governo à razão em matéria de saúde” e “obrigue o Governo a dar resposta nestes dias”.

“Só uma autoridade no país poderá forçar esta resposta, é o senhor Presidente da República”, defendeu, pedindo a Marcelo Rebelo de Sousa que, “com a sua autoridade, com a sua atenção e exigência imponha ao Governo celeridade neste processo de dar resposta na área da saúde”.

André Ventura indicou também que o Chega questionou o Governo “em que ponto real estão as negociações com o setor da saúde para impedir que as greves e os protestos marcados para os dias da JMJ se mantenham” e “em que ponto estão as rondas negociais com o setor dos farmacêuticos e dos enfermeiros para impedir que haja uma paragem significativa de serviços na JMJ”.

“Arriscamos ter o caos na cidade e no país ao longo dos próximos dias”, alertou.

O presidente do Chega disse estar “profundamente solidário” com os setores em luta, mas pediu a estes profissionais que reconsiderem “se aqueles dias são os melhores para fazer paragens desta dimensão”, pedindo que “não façam os peregrinos e os portugueses pagar pela incompetência do Governo”.

Ventura ressalvou que “há problemas que não se resolverão com medidas meramente cirúrgicas ou pontuais” e defendeu que “é preciso agir rapidamente” e que o Governo tem “poucos dias para garantir um serviço de saúde capaz de responder às exigências de centenas de milhares de pessoas na cidade de Lisboa” para a JMJ, “a juntar a um nível de turismo recorde”.

“O Estado português tem o dever de assegurar serviços de saúde de qualidade, em tempo verdadeiramente útil e exigente e recursos qualificados para estes dias”, defendeu, considerando que o ministro da Saúde “nada tem feito sobre esta matéria”.

Apontando que “é impossível olhar para o lado e não perceber a sangria em que se está a tornar o SNS, absolutamente ligado à máquina”, o líder do Chega defendeu medidas como “um aumento significativo dos salários para médicos que se dedicarem em exclusividade” ao SNS, um “aumento em 50% das formações em medicina” nas universidades e a “captação dos melhores profissionais para o serviço de saúde, com escalas salariais variáveis”.