Esta é uma das conclusões do mais recente estudo do Observatório da Sociedade Portuguesa, da Universidade Católica em Lisboa, que se debruçou, entre outros temas, sobre os níveis de felicidade e satisfação dos portugueses.

Quase dois anos a viver em plena pandemia, dos mil inquiridos entre 29 de novembro e 09 de dezembro, a grande maioria dizia sentir-se feliz ou muito feliz (80%) e também satisfeito ou muito satisfeito (79,1%) com a sua vida.

Comparativamente ao início da pandemia, em março de 2020, a percentagem de pessoas felizes aumentou nove pontos percentuais, o mesmo número em que diminuíram aquelas que se diziam sentir infelizes.

Quanto à satisfação com a sua vida, a diferença é igualmente significativa, com a taxa de inquiridos insatisfeitos a passar de 15,9% para 8,1%.

“Há uma clara recuperação, face ao primeiro impacto da pandemia, havendo até uma superação face aos valores pré-pandemia”, sublinha o relatório.

Se em novembro de 2019 havia ligeiramente menos pessoas a relatarem sentir-se felizes (uma diferença de 0,3 pontos percentuais) e a percentagem de pessoas que se mostram muito felizes aumentou quase três pontos percentuais, de 9,2% para 12,1%.

O mesmo observa-se em relação à satisfação, com um ligeiro aumento do número de pessoas satisfeitas e muito satisfeitas, enquanto o número insatisfeitos ou muito insatisfeitos diminuiu.

Além dos níveis de felicidade e satisfação, o estudo avaliou também a perceção de saúde dos portugueses e maioria considera que a sua saúde está boa (37,9%), muito boa (32,3%) ou até ótima (10,2%). Pelo contrário, 19,7% avaliam apenas como razoável e 2,7% dizem que é fraca.

Olhando para o período anterior à pandemia, os portugueses parecem estar mais otimistas quanto à sua saúde atual, mas menos quanto à saúde no futuro, registando-se uma diminuição das pessoas que sentem que adoecem mais facilmente do que as outras (menos 3,8%) e daquelas que acreditam que a sua saúde será melhor no futuro do que era naquela altura (menos 2,9%).

Isto reflete-se na perceção quanto à qualidade de vida, que cerca de 60% dos inquiridos classificam como boa ou muito boa, enquanto 5,8% a avaliaram negativamente, como fraca ou muito fraca, sendo que também aqui os resultados mais recentes apontam uma melhoria em relação a novembro de 2019.

Desde o início da pandemia que o Observatório avalia também os seus efeitos e o relatório divulgado hoje indica que quase metade dos inquiridos ainda ficam desconfortáveis em pensar sobre a covid-19, apesar 54,3% não ficar nervoso ao ver notícias sobre a pandemia e 62% dizer que não tem medo da doença.

Por outro lado, 72,4% dos participantes revelaram que “nunca ou quase nunca” sentem que não têm ninguém a quem possa recorrer e, em relação a novembro de 2016, há até menos pessoas que dizem sentir-se sozinhas.

“De forma interessante, e apesar de nos encontrarmos ainda em período de pandemia, ainda com algumas restrições à interação e convívio social, parece que a relativa liberdade sentida face a períodos anteriores da pandemia é valorizada pelos participantes neste estudo”, lê-se no documento.