Na véspera de se assinalar o Dia Mundial das Doenças Reumáticas, a Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) defende, em comunicado, que “a solução para o problema será a criação de um plano nacional de saúde para estas doenças, como o que decorreu de 2004 a 2016 e que deixou inexplicavelmente de existir”.

A SPR alerta para os custos destas doenças que afetam cada vez mais portugueses e para a necessidade de reforçar “o número de hospitais com serviço de Reumatologia e de quadros técnicos e recursos humanos especializados”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças reumáticas e músculo-esqueléticas (DRM) representam cerca de metade da prevalência de doenças crónicas em pessoas com mais de 50 anos e são a categoria mais destacada no grupo destas doenças não transmissíveis.

“Portugal não escapa a esta tendência já que os números associados a algumas das mais de 150 doenças ou síndromes de natureza reumática são significativos, quer ao nível do número de pessoas afetadas, quer no impacto provocado na economia da saúde pública”, afirma a SPR em comunicado.

De acordo com a SPR, os custos para o Estado com doentes que sofrem destas doenças ultrapassam os mil milhões de euros, só na vertente laboral e de segurança social.

“Mas os números são mais abrangentes uma vez que também envolvem, aproximadamente, 204 milhões de euros, anuais devido ao absentismo e 910 milhões de euros devido a reformas antecipadas”, sublinha a SPR.

A SPR salienta a importância de um diagnóstico precoce das DRM, como é o caso da artrite reumatoide, que poderia representar uma poupança média anual por cada novo caso de quase 30%.

Os especialistas apontam também a falta de acesso à especialidade, uma situação que afeta 51,8% da população, segundo dados da Rede Referenciação Hospitalar de Reumatologia de 2015, e defendem um reforço de especialistas e de hospitais com esta especialidade.

Segundo a SPR, apenas cinco hospitais no país têm o quadro completo de especialistas: Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Oeste, Hospital Garcia da Orta, Ponte de Lima e S. João e 16 hospitais não têm sequer a especialidade.

Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, Luís Cunha Miranda, “a falta de planeamento e vontade política tem sacrificado a vida plena de milhares de doentes reumáticos que não têm acesso à especialidade”.

Defende ainda e implementação da Rede de Referenciação Hospitalar de Reumatologia, atualizada em 2015, que “carece de execução e que o deveria ser conforme propostas concretas” que a sociedade científica fez ao Ministério da Saúde, à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e às Administrações Regionais de Saúde (ARS).