A cerimónia transmitida em direto pelas televisões venezuelanas e as redes sociais, a partir de um sinal matriz emitido por Vale TV, o canal local da Igreja Católica, foi presidida pelo cardeal Baltazar Porras e o patologista Enrique López Loyo, presidente da Academia Nacional de Medicina da Venezuela.

Apesar das restrições nos acessos, centenas de pessoas, de várias localidades da Venezuela, concentraram-se à espera da exumação e para assinalar o 156.º aniversário do nascimento de José Gregório Hernández.

Os restos mortais encontram-se na igreja de Nossa Senhora de La Candelária, criada por imigrantes das Ilhas Canárias, em La Candelária, na capital venezuelana, uma zona com significativa presença de emigrantes portugueses.

No interior da igreja, a equipa de patologistas e testemunhas forenses inspecionou o túmulo onde estavam os restos do médico venezuelano, transferidos em 1975 desde o Cemitério Geral do Sul.

José Gregório Hernández nasceu a 26 de outubro de 1864, em Isnotú, no Estado de Trujillo, 700 quilómetros a sudoeste de Caracas, e morreu atropelado, em 29 de janeiro de 1919, em La Pastora, na capital venezuelana, pouco depois de ter saído de casa para visitar uma doente.

Autor de 13 ensaios científicos reconhecidos pela Academia de Medicina da Venezuela, José Gregório Hernández destacou-se no tratamento de doenças como a tuberculose, a pneumonia e a febre amarela, tal como nas áreas da patologia, da bacteriologia, da parasitologia e da fisiologia, tendo descoberto uma nova forma de angina de peito de origem palúdica.

Foi também um reconhecido professor que falava vários idiomas, incluindo português, espanhol, francês, alemão, inglês, italiano e latim.

Entre os milagres analisados pelo Vaticano está o de uma menina de 10 anos, Yaxury Solórzano, baleada na cabeça durante um assalto.

Com prognóstico reservado devido à perda de massa encefálica, a menina recuperou depois de a mãe ter feito um pedido a José Gregório Hernández.

De acordo com a imprensa venezuelana, são atribuídos ao "médico dos pobres" mais de 2.100 casos de cura.

Anualmente, em 26 de outubro, os católicos da Venezuela, Equador, Colômbia, Bolívia, Panamá e Aruba celebram o nascimento de José Gregório Hernández