HealthNews (HN) – Como avalia o impacto das duas primeiras edições do Encontro Ibérico de Medicina Preventiva da Guarda, considerando a adesão de 547 participantes na segunda edição e a submissão de 103 resumos científicos?

João Pedro Alves da Silva (JPAS) – As duas primeiras edições foram um sucesso. Foi um Encontro Científico que nasceu do zero, mas com ambição para tentar ser um ponto de encontro científico na zona da Beira Interior. Olhando para trás penso que devido à participação de palestrantes de prestígio e renome nacional e internacional e devido à atualidade e pertinência dos temas, na sua maioria focados na prevenção o Encontro que conseguiu unir e motivar não só, os cuidados de saúde da Guarda, ao englobar as várias classes dos profissionais de saúde, mas também a trazer a discussão da saúde e de saúde para o seio dos profissionais no ativo.

HN – Que balanço faz da aceitação de 88 trabalhos científicos nas edições anteriores e de que forma estes contribuíram para o debate multidisciplinar na área da prevenção?

JPAS – Balanço de muito positivo que superou as nossas maiores expectativas. O nosso objetivo neste Encontro, além do programa atual e um pouco ambicioso, é para que também que seja um espaço de divulgação de trabalhos científicos que estejam a ser realizados. Que seja um espaço de partilha. Na última edição tivemos cerca de 100 trabalhos submetidos de todas as zonas do país. A grande maioria de Médicos de Medicina Geral e Familiar. E desses 100 trabalhos foram aceites para exposição ou discussão 88 trabalhos. Um número que superou as expectativas que muito nos orgulha.

HN – Quais foram os principais desafios identificados na organização das edições anteriores e que ajustes foram implementados para a terceira edição em 2025?

JPAS – As nossas dificuldades e as dificuldades identificadas pelos participantes acabam por ser a distância e a oferta de alojamento. Que temos tentado combater com o estabelecimento de parcerias. Não só com empresas nacionais que nos permitem agilizar alguns preços, mas também com parceiros locais para que seja possível obter algum benefício para os participantes no Encontro. Outra dificuldade tem sido a gestão do tempo durante o Encontro. O programa tem sido muito ambicioso, pelos temas o que acaba por encurtar a discussão entre o publico e os palestrantes. Este ano vamos tentar aprimorar a discussão da plateia com os palestrantes.

HN – O Encontro de 2025 tem como lema “Juntos pela Saúde de Amanhã”. De que modo este tema se refletirá nas sessões científicas e nas estratégias discutidas para a prática clínica inovadora?

JPAS – “Juntos pela Saúde do Amanhã” tem como objetivo discutir o futuro. Com a inclusão de temas que nos permitam oferecer uma melhor saúde amanhã. Seja pela atualidade de temas na área da prevenção, seja com a atualização científica da promoção de saúde, sejam métodos de diagnóstico, sejam novos tratamentos, farmacológicos ou não. No entanto, o nosso futuro passa também pela organização, e estamos sensibilizados para discutir o futuro da Saúde em Portugal, e naturalmente devido à localização do congresso, mais especificamente no interior. Ou seja, nesta transição geracional e organizacional, com a nova reforma do SNS como será a oferta de saúde nestes locais mais isolados, seja nos CSP seja nos cuidados hospitalares. Como podemos ajudar a que os utentes não percam oferta de cuidados de saúde. Vai ser com mais profissionais, mais computadores mais inteligência artificial?

HN – Considerando os 91 participantes nos cursos extracongresso em 2023, como é que estas formações complementares reforçam a atualização profissional e qual o enfoque planeado para 2025?

JPAS – Os cursos extra congresso tentam oferecer aos participantes capacidades formativas especiais e desejadas dentro da atualidade formativa. O nosso objetivo é oferecer cursos que sejam atrativos e que não decorram de forma regular nesta zona do país. No passado tivemos esse sucesso, como mostram os números. Estamos ainda a escolher os temas dos cursos desta edição, pois queremos oferecer temas e cursos que sejam uma mais-valia não só para o Encontro, mas também para os participantes

HN – Qual é a importância do fortalecimento das redes de colaboração entre instituições e profissionais, mencionado como um dos resultados positivos das edições anteriores, para o futuro da medicina preventiva na região ibérica?

JPAS – O networking que tem sido estabelecido tem permitido a partilha das diferentes realidades, seja a partilha dos problemas, mas também a partilha de soluções. Acreditamos que a resposta da saúde passa pelas pessoas que estão no terreno através desta partilha e através da discussão dos problemas em conjunto. E o lado bonito é que esta relação estabelecida permite-nos manter contacto e manter discussão sobre os mais variados assuntos não só durante o Encontro, mas é uma relação que fica. É uma tentativa de visão pura da saúde, em que estamos todos (sejam diferentes profissões, sejam diferentes locais) juntos para nos entre ajudar.

HN – Que metas estabeleceram para o III Encontro em termos de participação, submissão de trabalhos e impacto na comunidade científica, tendo em conta os números já alcançados?

JPAS – Vou ser sincero que os números da segunda edição superaram as expectativas, por isso, para já, queremos elevar um pouco os números. Chegar aos 600 participantes e manter os 100 trabalhos submetidos. Temos tido uma procura de informações sobre o Encontro, o que já por si nos motiva. Mas queremos mais, queremos manter uma casa cheia e que no fim do Encontro os participantes saiam satisfeitas em querer voltar para uma 4ª edição.

HN – Como é que o evento tem contribuído, concretamente, para posicionar a Guarda como um polo de referência na discussão e promoção da saúde preventiva em Portugal e Espanha?

JPAS – Talvez consiga dividir esta resposta em dois pontos de vista. Em primeiro, pelo facto deste Encontro estar a crescer e por isso queremos cimentar a nossa posição de referência na beira interior. Isto deve-se a um envolvimento global da Guarda, com parceria da ULS e com o Município assim como devido a todos o profissionalismo do TMG que também ajuda neste sucesso. Queremos manter os patrocínios científicos e queremos aumentar a proximidade com a universidade de Salamanca, através do Centro de Estudos Ibérico.

Em segundo lugar esta posição porque temos tido a participação de várias profissionais, muitas delas referências nas áreas de investigação, na prevenção e promoção da saúde, o que muito nos prestigia. Tentamos discutir problemas atuais com vista para o futuro. Mas também tentamos estabelecer temas de rotura, temas sensíveis e que sejam diferentes do que foi discutido até à data. E por isso queremos crescer mais. Esta terceira edição vai manter esse essência de ser um espaço de discussão e de proximidade entre os diferentes profissionais onde queremos continuar a estabelecer não só as parcerias institucionais mas também aumentar a rede de networking.

Inscrições e submissão de resumos a partir de 19 de junho:

Mais informações nas páginas oficiais:

Site: https://sites.google.com/view/medprevguarda

Facebook:

Instagram: https://www.instagram.com/medprevguarda/

HealthNews

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