Várias agências das Nações Unidas, lideradas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgaram hoje dois relatórios sobre mortalidade infantil, materna e neonatal, que mostram progressos reais na redução destas mortes a nível mundial nas últimas duas décadas.

No entanto, o mundo continuou em 2018 a assistir à morte de uma grávida ou um recém-nascido a cada 11 segundos.

Segundo as novas estatísticas, entre 1990 e 2018, Moçambique registou uma taxa média anual de redução da mortalidade em crianças com menos de 5 anos de 4,3 por cento.

Em 1990, a probabilidade de uma criança morrer antes dos cinco anos era de 241 crianças em cada 1.000 em Moçambique, valor que passou para 79 por 1.000 em 2018.

Em números absolutos, as mortes infantis caíram de 129 mil para 79 mil.

O relatório assinala que foram alcançados “grandes progressos” em muitos países, incluindo em “países de baixo rendimento” como a Eritreia, Etiópia, Libéria, Maláui, Moçambique, Nepal, Níger, Ruanda, Uganda e Tanzânia, que conseguiram “pelo menos” reduções de “dois terços” das suas taxas de mortalidade.

As Nações Unidas assinalam ainda conquistas destes países na redução da mortalidade neonatal (menos de 1 ano) durante o mesmo período, concluindo que estes dados demonstram que com “os compromissos certos, esforços concertados e vontade política, é possível alcançar objetivos ambiciosos”.

A generalidade dos países lusófonos fez progressos assinaláveis na redução da mortalidade infantil com as taxas médias de redução no período a variarem entre os 5,3% do Brasil e os 2,7% da Guiné Equatorial, país que regista a pior prestação entre os membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Entre os lusófonos africanos, São Tomé e Príncipe registou a melhor taxa de redução da mortalidade infantil (4,4%) seguido de Cabo Verde (4,1%), com registos de mortes abaixo das 500 em 2018.

Angola reduziu a mortalidade infantil a um ritmo anual de 3,8% (passando de 126 mil mortes em 1990 para 94 mil em 2018) e a Guiné-Bissau a 3,6% (com uma redução de 10 mil para 5 mil mortes durante este período).

Em Portugal, a taxa de redução da mortalidade infantil foi de 4,9%, passando de 15/1.000 crianças com probabilidade de morrer antes dos 5 anos para 4/1.000.

Um outro estudo, que analisa também os dados da mortalidade materna, assinala as grandes desigualdades entre regiões, apontando que as mulheres e crianças na África Subsaariana enfrentam riscos de morte “substancialmente maiores” do que em outras regiões do mundo.

As taxas de mortalidade materna são 50 vezes maiores para as mulheres africanas e os seus bebés têm 10 vezes mais probabilidades de não sobreviverem no primeiro ano de vida, quando comparadas com os países de alto rendimento, aponta o estudo.

Uma em cada 37 mulheres desta região correm o risco de morrer durante a gravidez ou o parto, quando comparado com as uma em cada 6.500 europeias que enfrentam o mesmo risco.

Em 2018, 1 em cada 13 crianças na África Subsaariana morreu antes dos cinco anos, o que representa um risco 15 vezes superior ao que enfrentam as crianças na Europa, onde apenas 1 em cada 196 crianças tem probabilidade de morrer antes de atingir essa idade.

As regiões da África Subsaariana e do sul da Ásia, afetadas por conflitos e crises humanitárias e com sistemas de saúde fracos, registam cerca de 80% das mortes maternas e infantis.

Apesar dos progressos, as Nações Unidas assinalam que a cada 11 segundos morre uma mulher no parto ou um bebé à nascença.

As estimativas revelam ainda que 6,2 milhões de crianças com menos de 15 anos, 5,3 milhões das quais antes dos cinco anos, morreram em 2018 e 290 mil mulheres morreram de complicações durante a gravidez e o parto em 2017.