De acordo com a DGS, que hoje apresenta o relatório do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, o número utentes que viram os seus níveis de atividade física avaliados chegou aos 119.386 no passado mês de junho, um valor que tem vindo sempre a aumentar desde que o registo da atividade física e comportamento sedentário avançou nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), em setembro de 2017.

"Há uma aposta grande na monitorização. Cada vez precisamos de mais informação para saber onde estamos e o que podemos melhorar", afirmou a diretora-geral da saúde, Graça Freitas, sublinhando que as autoridades de saúde vão atualizar, no primeiro trimestre de 2020, o Barómetro Nacional da Atividade Física, elaborado em 2017.

Segundo o este barómetro, os portugueses apresentam atitudes muito positivas face à atividade física: 100% afirmaram que a prática regular melhora a qualidade de vida, 93% consideraram importante aumentar a utilização da bicicleta como forma de transporte e dos transportes públicos e 90% afirmaram gostar de praticar atividade física/exercício/desporto, apesar de 15% se sentirem incapazes de o fazer.

Contudo, este retrato positivo não encontra reflexo nos níveis de prática da população. A este propósito, o último Eurobarómetro indicou a falta de tempo (43% da população) e a falta de interesse (33%) como as principais barreiras à prática de atividade física indicadas pelos adultos portugueses, contribuindo para os elevados níveis de sedentarismo da população.

O barómetro nacional elaborado em 2017 aponta para um desconhecimento profundo sobre as recomendações de atividade física. Apenas 2% dos que responderam conheciam o nível de atividade física semanal de intensidade moderada recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a população adulta.

Graça Freitas explica que a informação sobre os níveis de atividade física fica guardada no registo do doente, tal como acontece com outros parâmetros recolhidos pelos médicos de família nos centros de saúde, como a altura, o peso e a tensão arterial.

Desde que foram instaladas nos sistemas informáticos ferramentas que permitem aos médicos de família avaliar e registar o nível de atividade física dos seus utentes, o número de pessoas registadas tem vindo a subir, passando de 19.886 (289 por cada 100.000 utentes) em maio de 2018 para 119.386 (1.736/100.000) em junho deste ano.

A responsável sublinhou ainda a importância desta avaliação, tendo em conta o impacto da atividade física na saúde das pessoas, sobretudo na prevenção de doenças crónicas, e até para envolver o doente no processo preventivo e/ou terapêutico de alteração do estilo de vida.

No âmbito deste processo, além do registo há ainda um aconselhamento breve para a atividade física, em que o profissional de saúde encoraja de forma verbal ou escrita a prática de atividade física, abordando os interesses do doente, as suas motivações e a disponibilidade.

"É importante fazer da atividade física uma coisa natural e que faz parte do dia a dia", disse Graça Freitas, acrescentando que as campanhas que a DGS tem promovido são para promover a atividade física enquanto estilo de vida saudável e acessível a todos, em qualquer altura e em qualquer momento.

"Atividades como subir escadas, por exemplo, fazem parte do dia a dia e são atividades físicas", disse.

Segundo a DGS, a proporção de utentes com 15 ou mais anos a quem foi prestado o serviço de aconselhamento breve, acompanhado da emissão dos guias de apoio à promoção de atividade física foi sempre subindo, chegando aos 94 por cada 100.000 pessoas. No total, o número de guias emitidas quase triplicou entre 2018 e 2019, chegando às 20.494 (dados de junho deste ano).

Em paralelo, a DGS tem um projeto-piloto, envolvendo 14 unidades de saúde, que além do aconselhamento breve e da emissão de guias inclui o encaminhamento para uma consulta específica de atividade física os doentes com diabetes tipo 2 e com depressão.

No Barómetro Nacional da Atividade Física, os inquiridos associaram muito a atividade física à sua componente estruturada, sendo que apenas metade identificou atividades do dia-a-dia, como subir escadas, e este resultado serviu de base para a campanha nacional “SigaOassobio – A Atividade Física Chama Por Si”, que foi lançada no primeiro semestre deste ano 2019 e pretende mostrar como a atividade física pode ser fácil, pouco dispendiosa, acessível e integrada no dia-a-dia.