“Não há nenhuma maneira de uma sala de partos daquela dimensão se manter em funcionamento com a realização das obras”, afirmou o governante, que respondia aos deputados da Comissão Parlamentar de Saúde, durante uma audição, a requerimento do PSD, sobre o encerramento de blocos de partos na Região de Lisboa e Vale do Tejo.

Manuel Pizarro disse esperar que seja possível “o diálogo entre profissionais”, referindo-se à polémica que a restruturação do bloco de partos de Santa Maria tem levantado, tendo já levado a administração do hospital a afastar a direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução, que era liderado por Diogo Ayres de Campos.

O plano para a resposta de Obstetrícia e Ginecologia traçado pela Direção Executiva do Serviço nacional de Saúde (DE-SNS) prevê que, enquanto o bloco de partos do hospital de Santa Maria estiver fechado para obras - nos meses de agosto e setembro - os serviços fiquem concentrados no Hospital S. Francisco Xavier.

Este hospital, que encerrava de forma rotativa aos fins de semana, a partir de 01 de agosto, volta a funcionar de forma ininterrupta sete dias por semana.

Em declarações à Lusa depois do anuncio da exoneração, uma profissional de saúde do Santa Maria explicou que os profissionais do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia nunca estiveram contra a obra, ou a colaboração com o São Francisco Xavier.

Disse igualmente que, desde que chegou ao departamento, Diogo Ayres de Campos sempre apresentou como objetivo ter um novo bloco de partos e que o que estava previsto não eram apenas obras, mas a construção de um novo, sendo que durante esta construção se manteria a urgência a funcionar e a admissão passaria a ser feita num "pré-fabricado", garantindo todas as condições para funcionar na íntegra.

Hoje, questionado pelos deputados, o ministro da Saúde disse que estão a decorrer obras de adaptação no São Francisco Xavier para responder ao aumento dos partos e que a contratualização com os privados servirá apenas para responder a algum pico de procura.

“O que queremos é apostar no SNS, e não dar dinheiro aos privados, senão os profissionais de saúde ainda saem mais do SNS”, disse o governante, quando questionado sobre porque é que esta opção não era já utilizada.

A este propósito, insistiu ainda: “Só o serviço público garante a capilaridade dos serviços”.

Reconhecendo que o ideal era poder ter todas as maternidades a funcionar todos os dias do ano, o ministro da Saúde insistiu que esta opção de funcionamento rotativo decorre da falta de recursos.

Disse ainda que o modelo que começou a funcionar há seis meses tem corrido bem, tendo sido apelas identificadas duas situações que correram mal.

A deputada Catarina Martins (BE) questionou o ministro sobre o que pensava da norma da Direção Geral da Saúde sobre cuidados no parto – que foi contestada pela Ordem dos Médicos por causa das competências dos enfermeiros especialistas -, tendo o governante esclarecido apenas que “quem aprova as normas técnicas é a DGS e não o ministro da Saúde”.