Há dois casos positivos do novo coronavírus em Portugal e estão ambos internados em hospitais do Porto. O segundo caso foi validado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), informa a RTP. O homem já tinha sido sujeito a uma primeira análise, que deu positivo, mas aguardava-se a validação pelo INSA.

O primeiro caso confirmado é de um médico do Hospital do Tâmega e Sousa, de 60 anos, que esteve de férias no norte de Itália e que ficou ontem à tarde internado no Hospital de Santo António, Porto. O homem apresentou os primeiros sintomas da doença a 26 de fevereiro, mas não esteve em exercício de funções desde que regressou dessa viagem.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

"Os contactos próximos deste caso vão ser colocados em vigilância", garantiu a ministra da Saúde esta manhã, em conferência de imprensa, em Lisboa.

O segundo caso - entretanto confirmado na tarde desta segunda-feira - é de um homem de 33 anos que esteve a trabalhar em Valência, Espanha, e que está internado no Hospital de São João, também no Porto, e que apresentou os primeiros sintomas a 29 de fevereiro. "O estado de saúde deste homem é estável", adiantou a ministra.

"Estamos em fase de contenção e vamos continuar em contenção", disse Graça Freitas, diretora-geral de Saúde, na mesma conferência de imprensa. "Neste momento, teremos em Portugal, quase de certeza, dois casos confirmados", o que "não aumenta o nosso nível de prevenção e preparação, mas gera uma segunda linha muito importante que é deteção de contactos diretos nestes casos", disse Graça Freitas.

A linha SNS 24 "vai funcionar para uma grande triagem" e terá o "primeiro crivo" dos casos suspeitos, disse a responsável da DGS. Graça Freitas pede "tranquilidade" e que os portugueses devem confiar nas autoridades de saúde. "O risco será analisado dia a dia, situação a situação". A ministra da Saúde acrescentou que "será caso a caso e em função do contacto e do aconselhamento obtido através desse contacto que poderão ser definidas outras medidas".

Restrições aéreas e na circulação

Marta Temido informou ainda que vão ser alargadas as restrições aos voos que chegam de Itália e de outras zonas infetadas. A governante disse que vão ser aplicadas medidas de "rastreabilidade de contactos e um reforço daquilo que é a informação aos provenientes dessas regiões, no sentido de insistir para que as pessoas estejam atentas ao estado de saúde". "As medidas de alerta que já estavam a ser aplicadas para os três voos semanais provenientes da China vão ser alargadas a Itália", reforçou.

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De madrugada, um comboio internacional operado pela Comboios de Portugal (CP), o Sud Express, esteve parado na estação do Entroncamento, após uma passageira ter alegado estar com sintomas da infeção que surgiu em Wuhan, China. A mulher foi transferida para os hospital e os restantes passageiros sinalizados.

Nos Açores, há dois casos suspeitos ainda pendentes de validação laboratorial. Na Madeira, o único caso suspeito relatado deu negativo.

Vírus continua a alastrar

O surto de COVID-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.980 mortos e infetou mais de 87 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 60 países. Das pessoas infetadas, mais de 41 mil recuperaram.

Além de 2.873 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.

A primeira vítima mortal nos Estados Unidos é uma mulher retirada do navio Diamond Princess que está ao largo do Japão.

Arménia e Luxemburgo registaram os primeiros casos de infeção durante o fim de semana, confirmaram as autoridades dos respetivos países.

Veja em baixo o mapa interativo com os casos de coronavírus confirmados até agora

Se não conseguir ver o mapa desenvolvido pela Universidade Johns Hopkins, siga para este link.

As autoridades estão a analisar os possíveis casos de contacto com o escritor Luis Sepúlveda, que está infetado com o novo coronavírus e que esteve na Póvoa de Varzim, no evento Correntes d'Escritas. O autor chileno está internado nas Astúrias, Espanha, no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo.

A organização do festival recomenda que "todos os funcionários/colaboradores que contactaram diretamente, num espaço de um a dois metros, com o autor, devem ficar em casa, evitar contactos sociais e seguir os procedimentos da Direção-Geral de Saúde".

"Todos os restantes funcionários/colaboradores afetos ao evento, mas que não tiveram um contacto mais direto, um a dois metros, com o autor, devem seguir uma auto-vigilância do seu estado de saúde", esclarece.

A DGS pede ainda aos possíveis afetados - nomeadamente pessoas que tenham entrado em contacto com o escritor - para contactarem a linha SNS24 (808 24 24 25).

Um português tripulante de um navio de cruzeiros atracado ao largo do Japão teve alta no domingo após ser diagnosticado e tratado pelo coronavírus. Adriano Maranhão estava hospitalizado em território japonês por causa da infeção.

A DGS dispõe de um microsite sobre o COVID-19, onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal.

Atualmente existem 2.000 quartos de isolamento nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde de todo o país, incluindo Açores e Madeira. Existem ainda 300 quartos de pressão negativa preparados para dar resposta a um alargamento do número de casos da doença em Portugal.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de COVID-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.

Em Portugal, e até às 19h00 de domingo, DGS registou 85 casos suspeitos de infeção, 12 dos quais ainda estavam em estudo. Os restantes 73 casos suspeitos não se confirmaram, após testes negativos.

A DGS manteve no sábado o risco da epidemia para a saúde pública em "moderado a elevado".

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